22 abril 2020

ESTATISTICAS + REFLEXÃO + 25 DE ABRIL

Infelizmente vivemos, agora, minuto a minuto, devido a esta "guerra" do Covid-19, as estatisticas relativas ao nº de vitimas, infectados, recuperados, etc. que, julgo, deixar a grande maioria bastante amedrontada. 
Por analogia, continuo a não esquecer que a nossa geração, também, foi obrigada a passar e viver uma guerra (esta sem aspas) e que até se chamava, pomposamente, "guerra colonial" que, também, fez demasiadas vitimas.
Já passou, desde então, meio século mas, para que a realidade das estatisticas perdure,  aqui  deixo os números frios daquela tragédia que durou 13 anos.

(Segundo dados do EMGFA o nº de militares portugueses mortos nas três frentes de combate, na Guerra Colonial, foi de 8831.

        - Exército .......................    8290
      - Força Aérea ..................      346
      - Marinha ........................      195

Foram feridos, ainda, cerca de 100 000, dos quais 20 000 ficaram  deficientes permanentes e, destes, 5120 com grau de incapacidade superior a 60%.
Calcula-se em cerca de 100 mil os que ficaram a sofrer de perturbações de stresse pós-traumático.

Terão sido mobilizados aproximadamente 1 milhão de homens.

Fontes seguras estimam que também foram mortos mais de 1000 civis portugueses, principalmente, em Angola no inicio do conflito em 1961). 

REFLEXÃO dum texto extraído do livro "Declarações Guerra", autor Vasco  Luis Curado (dado a conhecer em 04Fev.20 neste Blog). 

"Os capitães que organizaram o golpe do 25 de Abril eram, não surpreendentemente, veteranos das guerras de África.
O país, que durante a guerra não assumia a própria existência de uma guerra e, assim que os desmobilizava, mandava-os para casa como se nada fosse, a seguir ao 25 de Abril cometeu erros de igual monta: como se os quinhentos e sessenta anos anteriores fossem uma nota de rodapé de um manual escolar ou um Padrão dos Descobrimentos para turistas fotografarem, declarou a guerra como criminosa, fascista e imperialista e os combatentes como criminosos fascistas, deixando-os novamente sózinhos, com responsabilidades que tinham sido nacionais.
Depois de nos termos declarado cabeça de um império tropical espalhado por cinco continentes, fechámos esse ciclo repentinamente e aderimos com entusiasmo à integração europeia. O país, empenhado em contar os quilómetros de boa estrada asfaltada até Bruxelas e Estrasburgo, quis esquecer aqueles que andaram à procura de minas nas picadas em Nambuangongo, em Buba ou em Mueda. Os próprios também quizeram esquecer, porque as guerras impõem aos combatentes uma necessidade impossivel de satisfazer: esquecer o inesquecivel, reprimir o irreprimivel.
O país - isto é, todos nós - não quiz saber do combatente regressado a casa aceitando as marcas físicas e mentais como parte indelével de si mesmo.
Entretanto, o país amadureceu tentando recuperar o seu passado e aqueles que enviou para a guerra. Foram necessários muitos anos para se caminhar em direcção a algum equilibrio na forma de interpretar a guerra e fazer face aos homens que ela mobilizou. Há que continuar a ajudá-los num outro combate contra dois tipos de esquecimento: o que eles individualmente gostariam de fa
zer mas não podem, e o que o país lhes quer impôr mas não devia."  

Reflitamos, então. Eu há muito que já o fiz.

A propósito dos capitães de Abril. O dia 25 de Abril é deles, para sempre, bem hajam.




        

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