Este texto foi enviado pelo nosso camarada da 2415 Nuno Vivaldo que foi enfermeiro da malta!
Ora bem: Em 1967, depois de sair do Quartel das Caldas da Rainha, fui para Coimbra para o Regimento de Serviço de Saúde (que era perto da prisão local). Lá fiz a parte teórica e depois fui fazer a parte prática de enfermagem, para o dito Anexo de Campolide do Hospital Militar.
Tu (em resposta ao meu texto sobre o anexo militar) em 1970, como vieste evacuado, já sabias mais ou menos o que encontraste no Hospital. Agora eu, que talvez ainda fosse para o Ultramar, estás a ver o trauma que tive ao ver invisuais e camaradas decepados. Nunca me tinha passado pela cabeça que estávamos em guerra.
Ao tratar daquelas feridas, tentei sempre ajudá-los com pensamentos positivos. Nunca mais pude esquecer aqueles camaradas e ainda agora as lágrimas escorrem-me pela cara.
Do anexo, saí para Cavalaria 7 para formar companhia e uma coisa que me foi ordenada no hospital foi que, eu nunca dissesse o que tinha visto. Assim aconteceu naqueles dois anos que lá estivemos, esperando sempre que nada nos acontecesse.
Agora, estou a ser seguido por um Psicólogo na Liga dos Combatentes e provavelmente seguirei para Psiquiatria pois o medicamento que tomo há 50 anos já não faz efeito.
Por NUNO VIVALDO
Amigo Vivaldo. Sempre que queiras enviar algum texto para o blog, não tenhas problemas que eu o encaminho para o mesmo transcrevendo-o.
Com um grande abraço
SANTA