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19 agosto 2010

EM MISSÃO DE SAUDADE...........

A CAMINHO DAS ZONAS CRITICAS DE GUERRA

A partir de agora  vou entrar nas chamadas zonas criticas de guerra (100%), alguns locais que  tão bem  conhecemos  e outros porque, simplesmente,  lá passámos em deslocações sucessivas.
Deixei para trás   zonas  mais  tranquilas na época:   António Enes (Angoche) (que ricas férias de 3 meses ao sol a prepararmos o corpinho para o regresso à metrópole) e Nampula (para alguns, que excelente porto de abrigo para fugir ao mato, para outros nem tanto),  bem como a Ilha de Moçambique,  lugares que,  duma forma ou de outra, muito nos dizem.
Partimos de Nampula (eu e  meu  amigo  "compagnon de route" J. Gonçalves, que não me cansarei  de dizer que o êxito  se deve a ele) com destino a Vila Cabral, numa viagem  de  cerca de 1800 km, incluindo o regresso.
O jeep parecia conhecer aqueles km de picadas  (agora chamadas estradas por terem sido alargadas, uma vez que é por ali que passam os transportes de e para o Malawi)  e de pó que engoliamos a todo o instante, lembrando-me tempos idos.  As paisagens eram espectaculares, tanto surgiam os altos montes rochosos, cada um maior que o outro,  como logo a seguir  apareciam grandes extensões de alto arvoredo verdejante. Pelo meio o mato denso e capim impenetrável que me recordavam  também já ter visto aquele filme em algum lugar! E também, como não podia deixar de ser, os muitos aldeamentos que crescem como cogumelos por toda aquela vasta região.
Esta aventura inesquecivel durou 4 dias e recomendo-a vivamente a todos aqueles que, como eu, vivem  emocionalmente, se calhar com algum masoquismo à mistura,  a sensação nostálgica  que  ficou agarrada  à nossa memória.           Propositadamente, hoje,  vou passar por cima de Lione e Chala, deixando estes dois locais de culto, por serem especiais,  para a ultima descrição.


Deixámos a Provincia de Nampula e entrámos no Niassa. Ao lado a linha férrea, chamada a Linha de Nacala/Vila Cabral


Picada que seguia para Nova Freixo (Cuamba) atravessada pela linha férrea no percurso de N.Freixo (Cuamba) para Vila Cabral (Lichinga)
A linha no seu percurso completo vai de Nacala a Vila Cabral (Lichinga) passando por: Monapo, Namialo, Nampula, Ribaué, Malema, Nova Freixo (Cuamba), Catur (Itepela) e Vila Cabral.
Veja-se o estado calamitoso da via.  Dizem que muitas das vezes, por isso mesmo, as carruagens ou vagões acabam por descarrilar acabando, também por isso, por demorar  15 dias até chegar ao destino.  A população do Catur (Itepela) só tem comboio para Vila Cabral (Lichinga) uma vez por semana. 

Estação de Malema. Para mim a melhor conservada. Talvez por ser numa zona agricola em expansão.
Posso informar que tenho fotos de Fev.1970  em Malema aquando da nossa viagem  para António Enes (Angoche) provenientes de Tenente Valadim?   
    
Nesta localidade passou a 2415 há 41 anos. Nesta Pensão Malema estive eu, conforme se constata  na foto abaixo. Ainda tenho gravado na memória a côr  castanha das paredes que ainda hoje se mantêm.


E na parte de trás da foto tem a seguinte inscrição: MALEMA - FEV.1970 - DURANTE A VIAGEM FIZ MAIS UM AMIGO DESDE QUE LHE PAGASSE VINTE ESCUDOS ! 


Entrada  de  Mandimba, local que também foi sede de batalhões e companhias.
Além de Chala é a principal entrada para o Malawi. Em frente segue-se para Lichinga (Vila Cabral) e antes aparece Massangulo no desvio para o Catur (Itepela)

Homenageio este "excelente" e único restaurante de Mandimba (fazia inveja aos melhores "Michelan" da nossa praça) , que  debaixo daquele "parrô" com tecto de palha, serviu-me 2 almoços, sendo o ultimo um espectacular caril de cabrito acompanhado por uma espécie de guizado de couve à maneira!  Aqui ninguém pode dizer: "Fome é mato"!!

Depois de em Mandimba termos feito o desvio  para o Catur (Itepela)  logo surge Massangulo


À esquerda o inicio da aldeia que me pareceu, de entre todas as que vi, a melhor organizada e mais conservada.  Concerteza,  fruto de ainda por lá andarem os missionários.


Viramos à esquerda, atravessamos o aldeamento já bastante desenvolvido com mercado de rua (a lembrar as feiras dos ciganos em Portugal) e deparamos com o ex-libris Igreja de Massangulo. Já há algum tempo considerado pelo Estado de Moçambique como Património Nacional.  Gostaria de acreditar, apesar das dúvidas criadas ao ver o Património da Ilha de Moçambique e Cabaceira Grande!  Mesmo ao lado residem os padres missionários que promovem o ensino escolar  e ensinam artes. 
Nunca será demais relembrar que nesta Igreja  foram feitas as exéquias aos falecidos Sarg. M.Carvalho e Fur. A.Santos.


Mesmo em condições degradantes os padres tentam fazer o melhor.  Será que esta escola primária não é património nacional?


E depois de mais uns poucos km chegámos ao Catur (hoje chamado ITEPELA). Ninguém duvide, isto é a antiga estação de comboios do Catur, neste estado ruinoso como se aqui fosse Hiroshima.  O comboio vez em quando passa por aqui para levar/deixar  passageiros para/de Vila Cabral (Lichinga) e a gare/sala de espera é no meio do capim! Até o relógio por artes mágicas se transformou num buraco!


Mais uma imagem incrivel.
No Catur tirei algumas  fotos, tanto da estação C.F. como dos vestigios dos Batalhões que por aqui passaram e ainda da localidade. Mas, entendi cedê-las todas aos promotores do blog "O Comboio do Catur" (Ver no nosso blog no menu "Outros Sites"),  na pessoa do Quim Marques, usual seguidor/participante do nosso blog. Tenho certeza que as saberão enquadrar  mais adequadamente.

Já a caminho de Lione, surge-nos o célebre Caracol.  As populações daquela zona assim lhe continuam a chamar devido às muitas curvas e contra-curvas daquela estrada.  Verifiquei que naquela zona (varrida já da minha memória) há troços de alcatrão e de terra batida. Dizem que o alcatrão defende melhor os camionistas nas descidas na época das chuvas, pois evitam que se despistem. 
Imaginem que bom seria se este filme tivesse sido há 41 anos atrás!!


Outra zona do Caracol

E ainda mais outra. Tirei estas fotos em  locais que me pareceram mais propicios a encontros indesejados naquela época! Mas de nada me lembro, a minha memória visual não ajuda! 
Passei, defacto, naquela zona algumas vezes,  por dever de ofício, a caminho do batalhão sediado no Catur. Felizmente, tive sorte!!  


E  rápidamente chegámos a Lione!!

Espero continuar em breve.................mas primeiro darei um salto até Vila Cabral (Lichinga) .












7 comentários:

  1. E...para quando imagens de Nova Freixo ??

    Agradecia que partilhasse, caso as tenha..

    Muito obrigada e parabéns pelo blogue.
    --
    FR

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  2. Obrigado a quem publicou estas fotos,pois fizeram-me reviver os tempos em que por aí passei.Vindo de T.Valadim estive no Catur a montar o Quartel em 1967.Tenho pena que tenham estragado o que nos custou a construir.Quero cumprimentar todos aqueles que por lá passaram a seguir a mim e que sei melhoraram o quartel,isto a apreciar por fotos que já vi da rapaziada que lá passou a seguir mim.Tambem espero que nâo tenham tido muitos mortos e feridos pois a ragiâo aí no meu tempo,salvo no caracol,nâo era de grande perigo e no Catur era umas bazucadas ao comboio de vêz em quando entre a estaçâo e Belem.Foi bom o terem-me feito reviver os tempos que passei até sêr transferido para V.Pery,onde terminei a minha comissâo.Eu pertenci á ccs do Bat.1889 que esteve inicialmente em ten.Valadim.Um abraço a toda a juventude daquele tempo,hoje já com alguma idade,como eu.Obrigado-

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  3. Gostaria de receber mais imagens de Massangulo, e da Namaacha. Obrigado

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  4. Cresci em malema. Ob

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  5. Eu também estive em Malema com a C.CAÇ.4141 os gaviões desde Março de 974 a 30 de Setembro 1974 dia em que terminou a minha comissão.Viagei para a estação dos caminhos-de-ferro de Malema para viajar de comboio até Nampula.

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  6. Muito bom dia.
    Da janela da minha casa vi a vossa companhia partir, em Malema.
    Também cresci em Malema

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