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16 agosto 2010

EM MISSÃO DE SAUDADE...........

                                            CABACEIRA GRANDE

Este nome nada deve dizer a todos nós, mas é só o  local onde o Vasco da Gama e seus "marines" poisaram pé pela primeira vez. Devia ser considerado o berço da nação moçambicana!
Aquando da visita que fiz ao Palácio/Museu de S.Paulo, na ilha de Moçambique, ao consultar as cartas daquela época quinhentista verifiquei numa delas, que as 3 naus que ele comandava, estavam bem em cima duma pequena baía  e que aquela terra que  pisaram se chamou, a partir daí, Cabaceira Grande. É bem visivel até as linhas que o cartografo traçou unindo as 3 naus a essa terra.
É a partir daqui que toda a história se faz  até à mudança para a Ilha.  
A Ilha de Moçambique fica do outro lado do canal, a poucas milhas, não mais do que uma ou duas.  Após ver o local fisicamente, entendo a ideia do nosso Gama ter avançado mais canal adentro pois estaria, concerteza, mais abrigado dos indesejados,  pois a Ilha estava muito mais exposta, em cima do Indico.
Mais tarde a mudança foi realizada e a primeira capital imperial foi defacto a Ilha de Moçambique. 
Todavia, pelos vestigios encontrados naquele local, acho que devo informar e dividir tais conhecimentos.  Mas a minha tristeza continua, devido ao abandono em que tudo se encontra. Não sei realmente que fazer para que alguém de direito se interesse minimamente pela resolução do problema.
Fiquei encantado pela beleza e simplicidade daquele local, hoje, transformado num  aldeamento com uma população de pescadores de camarão.


Cabaceira Grande terra  exótica de coqueiros e camarão

Segundo a inscrição este Instituto construido na Cabaceira Grande ((sabe-se lá quando) foi entregue à Câmara Municipal em 1913 pelo Estadista Dr. Afonso Costa (ministro português)

Vê-se bem o abandono total, apesar de ser considerado património do estado

Palácio que serviu de residência aos governadores portugueses. Construído no sec.xv.

Esta "moderna" placa foi a unica obra de recuperação até agora levada a cabo neste edificio! Além de estar totalmente desajustada

Mau demais

para ser verdade

Esta igreja de construção antiquissima com materiais aqui deixados por naus que vinham da India está neste estado caótico

Lindissima porta inteiramente talhada na India. Vê-se bem o estilo. Lamenta-se estar votada ao abandono 

Sem comentários. É mau demais por ser verdade. A toalha branca do altar deve-se a um padre daquela zona que vez em quando lá se dirige para rezar missa aos poucos fiéis que existem naquela região. Como se sabe predomina a religião muçulmana 

Achei curioso encontrar dentro da igreja uma tumba de 1855 contendo os restos mortais de alguém que espero os seus descendentes terem conhecimento

Da Cabaceira Grande olha-se a Ilha de Moçambique ali mesmo ao lado

                  Com a Fortaleza de S.Sebastião a servir  para criar as maiores dificuldades aos invasores holandeses

Mesmo sabendo que, apesar de todas as lamentações, ninguém me vai ouvir, acho que cumpri o meu papel  ao denunciar aqui e ali situações intensamente anómalas e chocantes do património mundial. Sinto-me, por isso, melhor pessoa.  

4 comentários:

  1. Eu ouvi o lamento e comungo dele!
    Cada vez me apetece mais partir para aquelas regiões com tanto significado para nós! Continue a dar-nos as boas e másnotícias do que viu por lá.Estou a seguir a viagem......
    Abraço
    Manuel Magalhães

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  2. Obrigado Amigo!
    Foi um passeio que fiz através das fotos e da tua narraçâo. Fiquei arrepiado, acredita.
    Eu passei pelo Catur, Massangulo, Lione, Vila Cabral e mais, nos anos de 1967 a 1969.
    Pertencia ao B.C. 1936.Essas andanças do caracol e tantas outras picadas me vieram a mente e acredita também as làgrimas me vieram aos olhos.
    Um abraço
    Fragata

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  3. Eu vivi e estudei na Cabaceira Grande no Instituto Leão XII, lembro-me da Irmã Conceição Barreto a Madre Superior. Todas as vezes que vou a Chocas faço questão de visitar o lugar onde fui muito feliz. Infelizmente o lugar está num total abandono, coisa que me parte o coração. Lembro-me também do Bispo Manuel Vieira Pinto carregar-me ao colo, desculpem a emoção, Cabaceira Grande é um lugar lindo mas que ninguém quer saber das estruturas daquele país, estão mais virados para o gás, petróleo e rubis que só beneficiam uma minoria.
    Alzira de Vasconcelos

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    1. Antes de mais, em nome deste blog da CCav.2415, agradeço-lhe os comentários relativos ao tema "Cabaceira Grande" aqui lançado. É realmente curioso, pois a viagem que fiz àquela extraordinária zona de Moçambique já foi há cerca de 8 anos e, mesmo assim, ainda haver quem nos descubra através da net.
      Acredite que fiquei muito sensibilizado e estou inteiramente de acordo com tudo o que diz, por pensar do mesmo modo. Infelizmente, assim é.
      Durante a visita que fiz ao local como a outros na zona, incluindo a própria Ilha de Moçambique, entristeceu-me bastante reparar em tanta negligência e destruição daquele património com 500 anos de história de valor incalculável e que deveriam ser património da Humanidade. Realmente só vendo com os próprios olhos para acreditar naquela crua verdade, que se tornou tão evidente após deixarmos Moçambique em 1976.
      Por assim pensar, acho que qualquer governo de Portugal, junto de Organismos internacionais (Património Cultural Imaterial da Humanidade), deveria preocupar-se e assumir-se como principal interessado na eventual, se ainda possível, recuperação de qualquer bem que os nossos antepassados deixaram espalhados pelos 4 cantos do mundo. Apesar de localizados fora das nossas fronteiras nunca deixarão de fazer parte da nossa pátria e da nossa história, pelo que representam.
      Obrigado e aceite os nossos cumprimentos, A.Castro

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