30 outubro 2021

SE É ASSIM...

Se é assim, passo a contar. Fiquei a saber que na passada Quinta Feira (se não me engano) através de uma notícia na comunicação social, que cerca de meia centena de ex-combatentes da Guerra Colonial, manifestaram-se em frente à Assembleia da República pedindo alguns direitos. O responsável pela manifestação diz a certa altura numa entrevista, passo a citar: "Que se ensine ás novas gerações que os ex-combatentes não foram traidores". Disse aina, passo a citar: "Sofremos o que sofremos em terras que não eram nossas, temos consciência disso. Nós não estávamos errados, o regime é que estava errado. Fomos fiéis á Pátria, vincou. Nas escolas nós somos assassinos. Não pegam na juventude e não lhes explicam como é que isto aconteceu e quem nos empurrou para uma guerra destas. E ainda para cúmulo, tenho uma neta que me vem dizer indiretamente que eu fui um assassino?" Fim de citação. Pois é. Isto é a pura da verdade.

Para mim, isto não é novidade. Pois ao longo do tempo, já fiz algumas palestras a convite de algumas escolas, convites esses feitos á A.D.F.A. Delegação de Coimbra e fui confrontado com algumas destas situações. Isto é: se não fomos assassinos. É claro, e na minha opinião, já era tempo de pôr tudo em "pratos limpos" e explicar estas novas gerações o que foi a Guerra Colonial. De contrário, vamos (nós ex-combatentes) viver até ao fim das nossa vidas com este "estigma". Mas, parece também que não á muito interesse dos governantes deste país em que se conte os factos pela verdade á nossa juventude.

Temos que saber viver com a situação. Eu próprio já fui apelidado de assassino e fascista. Para mim, "vozes de burro não chegam ao céu".

Mudando de assunto. Enviaram-me á dias umas fotos para eu inserir no nosso blog. Não sei até que ponto elas já não estarão no nosso blog. Mas, pelo estranho que pareça, a carta não trás qualquer indicação de quem as mandou! É como seja uma carta anónima. Deixo aqui um apelo para quem as enviou que se manifeste. E também que diga alguma coisa sobre elas.

Sendo assim, aqui vão elas:








Para todos um óptimo fim de semana.

Um abraço

  SANTA

21 outubro 2021

MULHER ANÓNIMA...

Há poucos dias, estando eu a na F.Foz, fui dar um passeio a pé pela marginal entre Buracos e o Cabo Mondego. O dia estava calmo o sol brilhava e o vento estava ausente (o que ultimamente tem sido raro) contracenando com um mar sereno. Ao longo do percurso, sentei-me uma vez no muro de protecção da marginal para contemplar o mar, fitar o horizonte e reflectir um pouco na vida. Depois de algum tempo, continuei o percurso , e eis quando deparei com uma senhora já de uma certa idade que empurrava uma cadeira de rodas. Nele vinha sentado um homem que também aparentava a mesma idade da senhora.
Ao cruzarmos, e sem saber bem porquê, a senhora entendeu comigo dizendo: está um lindo dia! E eu respondi: é para admirar minha senhora, pois costuma estar muito vento. Pois, disse ela. Eu costumo aproveitar sempre estes dias bons para dar um passeio com o meu marido, pois já faço isto há muitos anos. Mas o que é que lhe aconteceu?  Olhe meu senhor a guerra deixou-o neste estado. Fiquei estático. Estava na presença de uma das muitas vítimas da Guerra Colonial. O homem, além de algo de grave nas pernas, sofria há muito tempo de Stress Pós Traumático.
Entrámos em diálogo e fiquei a saber que ele tinha estado na guerra em Moeda (Moçambique). A idade setenta e cinco anos.
Continuando a conversa, aquela mulher simples que empurrava  aquela cadeira já alguns anos com o seu marido como ocupante, me disse: A Associação dos Deficientes da tropa já fez muito pelo meu marido mas o estado não quer saber das mulheres dos que andaram na guerra pelos sacrifícios e sofrimento que têm passado ao cuidar deles. A minha vida nunca mais foi a mesma.
Esta mulher, viveu até aos dias de hoje a cuidar do seu marido deixando para trás a sua alegria mas mantendo o seu amor pelo seu marido. Esta é uma das muitas mulheres deste país que passaram ou passam pelo mesmo. É que estas situações passam muitas vezes para os filhos e netos. O tempo vai passando e vai chegar o dia em que já não haverá ninguém para contar esta parte da história na primeira pessoa.
Estas mulheres, ao longo dos tempos têm sido autênticas guerreiras. Muitas delas já foram substituídas  pelos filhos e netos. O Estado Português não podia e nem pode esquecer estas mulheres. Tem esquecido ao longo dos tempos aqueles e aquelas que por sua conta o serviram.

Claro que não vou transcrever todo o diálogo que tive com esta simples mulher. Também nem tão pouco lhe perguntei nome. Mas esta mulher não deseja a ninguém o que tem passado nestes últimos anos, pois para aqueles que ainda são vivos a guerra ainda não acabou. Como tem sido possível ao longo dos anos os nossos governantes nada terem feito por estas mulheres? Não só por estas mulheres mas como também por todas as outras mulheres deste país que não sendo pelos efeitos da Guerra  são pelos motivos mais variados da vida.
Quanto ao marido desta mulher, não disse qualquer palavra a não ser levantar uma das mãos como se fosse um dizer adeus. Alguns dizem: a guerra já lá vai há mais de cinquenta anos! Mas o tempo não a vai deixar apagar enquanto houver um combatente e um deficiente vivo.  Estamos todos a chegar ao fim das nossas vidas. Que o Estado Português nos consiga dar um fim de vida digno mesmo contra tudo e contra todos. Isto que não se estenda a nós que andamos na guerra mas a todo o cidadão civil que passa pelo mesmo.

Não vou dizer mais nada.
Um abraço
SANTA

13 outubro 2021

CONTINUANDO...

Vamos lá então continuar...


Foi então que esses meus camaradas,
    Militares das Forças Armadas,
   Para que tudo se modifique...
         Sabendo o que lutaram,
      E por aquilo que passaram
Em Angola, Guiné e Moçambique.

Pensaram pôr fim a uma guerra
     Que tantas mortes causou,
     Foram mais de nove mil...
         Numa atitude louvável,
         Nesse dia memorável
O VINTE CINCO DE ABRIL!

Essa histórica madrugada,
Em todos deixou gravada
   Tão grata recordação!
Os soldados deram brado,
Os projéteis foram cravos
   Vila Morena a canção!

Foram esses bravos militares
     Que tiveram a coragem
Com muita serenidade e bravura,
    De fazerem uma Revolução
   E acabaram com a tradição
      Dessa velha ditadura!

Para quem viveu essa guerra,
  Ainda não muito distante,
Nunca deixa de ter presente
    As sequelas que deixou...
     E para sempre ficaram
Visíveis no corpo e na mente.

Que nunca sejam esquecidos
    Esses Capitães valentes,
     Dessa minha geração!
  Porque puseram fim à guerra
  Devolvendo a paz á nossa terra
A MINHA ETERNA GRATIDÃO!

                                                 Manuel Pereira

Para todos um abraço

        SANTA










 

10 outubro 2021

LINDO DIA...

 É verdade. Domingo lindo dia. Dia soalheiro, que convida a um passeio pelo campo respirando o ar puro que ainda nos resta. Vamos todos dizendo mal da vida, mas não somos daqueles que ainda estamos piores. Basta dar-mos uma olhadela pelo resto do mundo para verificarmos que o nosso canto ainda nos continua a dar algum prazer e alegria e mais ainda seria possível se a nossa justiça funciona-se como deve ser e pusesse uns tantos atrás das grades. Que nós não fossemos todos dias metralhados pela comunicação social sobre assaltos, violência doméstica, pedofilia e agora (parece estar na moda) ataques á facada e outras coisas mais. Mas tudo parece estar bem. De vez em quando, lá sai um relatório a dizer que os crimes baixaram... o que dá para pensar um pouco. É caso para perguntar : onde anda o nosso Ministro da Administração Interna? Será que existe? Responda quem souber do seu paradeiro!

Quanto ao Estatuto do Combatente, as promessas continuam atrasadas e os cartões continuam a ser enviados a conta gotas! Mas já estamos habituados ao não cumprimento de muita coisa que é dado pelo Estado a nós combatentes e ao cidadão português em geral. Já dizia alguém: "Saber esperar é uma virtude", sendo assim, vamos esperar...


Gostaria mais uma vez, deixar aqui uma pequena homenagem feita aos " Combatentes e Capitães de Abril" pelo nosso amigo Manuel Pereira...


           Lá longe...
Onde o sol castiga mais,
Com o tradicional cacimbo
E as chuvas torrenciais!

          Lá longe...
Em terras de além mar,
Onde com magia e arte,
 A guerra fazia parte
Da nossa vida militar!

Mas com orgulho prestígio e
            humildade
   O que muito nos apraz,
Fizemos um pouco de história
Em missões de guerra e paz.

Demos o melhor da nossa vida,
Pelo nosso Portugal muito amado!
    À sombra de uma Bandeira,
Que tem no verde a esperança
           E no vermelho...
A cor do sangue por muitos derramado!

Percorrendo milhares de quilómetros,
           Ora pé, ora de carro,
             Sob sol abrasador...
       Quer de noite quer de dia,
          Para nós tanto fazia,
     Com lágrimas sangue e suor.

         Atolados nas Bolanhas
  Ou calcorreando montes e vales,
Sempre com o pensamento no Puto,
        Por aquelas picadas fora,
    Muito bem me lembro agora,
    Onde o medonho era bruto!

       Vivia-se em sobressalto
      A cada hora e momento,
    Pensando nos ate queridos.
Porque cuando menos se esperava,
     Podia surgir uma rajada,
Provocando mortos e feridos.

   Era mais uma emboscada,
Que nos tinha sido montada,
     Nessa vida... lotaria!
 Fitando os olhos no céu
Restava-mos pedir a Deus
  A Paz e a Democracia!

                  (CONTINUA) 

E pronto! Continuem a gozar o final deste lindo dia e quem puder desfrute do pôr do sol e que tenham uma noite descansada e que a semana venha com muita saúde para todos e muita paz!

 Com um grande abraço me despeço
     
                 SANTA





04 outubro 2021

TRISTE SINA...

 Triste sina a nossa! Tantos com dinheiro e outros a mendigar por falta dele. Qualquer um de nós ( em que o dinheiro não abunda) se não pagar-mos ao Estado o que ele nos exige, vêm-nos buscar tudo o que temos sem apelo nem agravo, e para traz das grades vamos , aos senhores deste país bem vestidos e engravatados já com ordenados bem gordos, passeiam á vontade por este país, sacando o dinheiro que é  de todos nós, amealhando-o noutros países (chamados paraísos fiscais) a seu belo prazer. Dá-se então o milagre de serem descobertos, julgados e condenados. O que acontece? Maravilha das maravilhas! Fogem e vão gozar a vida a seu belo prazer. Mandatos e mais mandatos de captura? Agora? Porque não ter evitado tal fuga? Onde mora a nossa justiça? Ela, também mora em parte incerta! Não passa de uma miragem. Isto, já para não falar de outros (coitadinhos) que dizem não serem culpados de nada do que são acusados... Cá para mim, devem averiguar bem a coisa não sejam os Extraterrestres que andem a sacar o dinheiro deste país!!! Por aqui me fico. Triste sina a nossa... ou triste fado o nosso, como desejarem...

Agora, vou inserir no nosso blog, uns versos de um colega meu deficiente, com o título:

"AS NOSSAS QUERIDAS MÃES E ESPOSAS"

        A todos peço licença
         Para poder dedicar
Às mulheres das nossas vidas
       Estes versos a rimar!

     É uma pequena lembrança
Para essas mulheres tão queridas.
        Que sofreram por nós
    E não podem ser esquecidas!

       Especialmente aquelas
Que naqueles anos tão distantes,
Eram nossas mães, namoradas,
Esposas ou simplesmente amantes!

 Muitas delas já cá não estão
   Pareceram, infelizmente!
Mas a melhor homenagem
Que lhe devemos prestar,
É tê-las sempre presentes!

Sabemos que não há nada que pague
       O calor da sua presença...
Mas que estejam em bom lugar,
      Para puderem desfrutar
  Um pouco da recompensa.

Quando há décadas partimos,
 Para a guerra do Ultramar,
Foram aos milhares aquelas
   Que deixámos a chorar!

Lágrimas...

     De incerteza na partida,
    De saudades na ausência,
  E ...de alegria na chegada!
Por essas lágrimas derramadas,
    A todas muito obrigada!

Quantas promessas foram feitas,
    Quantas preces ao Senhor,
  Quantas lágrimas choradas,
       Tudo fruto do amor!

     Para cada uma das nossas esposas,
Que são para nós as eternas companheiras,
           Que Deus as abençoe,
      Muitos anos á nossa beira!

Presto assim a minha homenagem
    Às que estão do nosso lado,
     E de uma forma especial
 Ás que estiveram no passado!

                                                            "Manuel Pereira"

Com um grande abraço me despeço por hoje, desejando a todos uma continuação de uma ótima semana.


                           SANTA