22 agosto 2019

LAMENTÁVEL...

É mesmo lamentável e muito mais. O nosso blog não podia ficar indiferente ao que se está a passar na AMAZÓNIA. É impressionante as imagens que têm passado nas televisões. Como é possível o homem não pensar de vez nas alterações climáticas? O homem tem de parar para pensar o que é que quer para o planeta terra. Quando o homem pensa em ir a Marte sem pensar primeiro no planeta Terra não se pode esperar muito mais se não o esquecimento do mesmo. Não nos podemos esquecer que  a  AMAZÓNIA é o pulmão do mundo. Pensar que é lá longe (como já ouvi dizer) é de uma ignorância total. Ela é o pulmão do mundo. Depois de tudo, quando temos presidentes de alguns  países a contribuírem para este estado de coisas não podemos esperar por dias melhores. Há pouco ouvi uma jovem dizer na televisão o que é que interessa lutar para haver empregos, bons ordenados, boas escolas, bons hospitais, um bom nível de vida, se um dia não vamos ter oxigénio para viver. Tudo vai começar a morrer lentamente. Mas o homem é assim mesmo, enquanto se vai estando bem, para quê estar-se a preocupar com a AMAZÓNIA com alterações climatéricas e incêndios etc, etc? E alguns ainda dizem: deixem lá, quando isto a acabar acaba para todos. É bonito isto. Não é? Será que está gente pensa nos filhos e nos netos? Fracas cabecinhas!
Vamos todos parar um pouco para pensar. Deixar esses Bolsonaros e Tramps e companhias limitadas que de cérebro nada têm , infelizmente só o poder os engorda com ajuda daqueles que lá os puseram, e arranjar soluções para que ainda possamos ir à tempo de salvar o nosso planeta para as novas gerações. Para isso, nós temos que dar o exemplo. Os nossos governantes deviam ser os primeiros a dar esse verdadeiro exemplo. Leis e mais leis, proibições e mais proibições, e resultados nada. Multas e mais multas. Nada! Outros, multas não. O que é preciso é sensibilizar as pessoas. Então as pessoas não têm sido já sensibilizadas  para tantas coisas? E o resultado? 0.
Enquanto não começar a entrar a sério no bolso de cada um.....  contra a vontade de muitos (alguns políticos) pois é muito mais fácil destruir as florestas, deixar todo o género de lixo nas praias, deitar para o chão as pontas de cigarro, cuspir para o chão, urinar pelas esquinas das ruas etc,etc....
Vamos começar todos a ter juízo e tentar ajudar para que o nosso planeta seja melhor.
Já agora, em talho de foice como se costuma dizer, que passeio lindo pela estrada nacional número 2. Que lindo as filas para tirar o cartão de cidadão, carta de condução e passaportes. Tribunais a cair e......chega!
Para todos um grande abraço.
   SANTA

14 agosto 2019

MAIS UMA DATA...

Pois é mesmo assim, mais uma data. Depois de termos atracado no porto de Nacala, deu-se o desembarque e logo depois passado algumas horas (poucas) deu-se desta vez o embarque para o famoso comboio que já foi aqui varias vezes falado, que nos iria levar até à famosa estação do Catur. Aqui, estariam algumas viaturas à nossa espera que nos iriam levar até Lione. Depois de uma série de quilómetros de picada banhados por um imenso pó, lá chegamos a Lione no dia 15 de Agosto de 1968 já passava da meia-noite. Faz hoje 51 anos, (contando com o fuso horário) que tudo iria ser diferente. A partir daqui, não sabíamos o que iria acontecer. Era uma incógnita! Estávamos às portas da guerra. Fomos bem recebidos pela companhia que íamos render e ao mesmo tempo, fomos brindados com a célebre canção do conjunto Oliveira Muge com o título "MÃE". Como vêem, depois de deixar a família não podia ser melhor a recepção! Mas isto fazia parte das brincadeiras da guerra! Lágrimas e sorrisos, abraços aos que nos recebiam e em família tudo continuou bem.

Vá lá malta da 2415. Soltem as amarras das vossas memórias e digam mais alguma coisa!

 Para toda a malta da 2415 uma braço e bom feriado.

                                    SANTA

12 agosto 2019

VERGONHA...

Olá a todos!

                  Recebi o Jornal Elo de Agosto que é o jornal dos Deficientes das Forças Armadas. Na primeira página, vem o seguinte que paço a citar:

                                         "INSENSIBILIDADE INACEITÁVEL"

A vergonhosa e injusta aplicação do DL503/99 aos deficientes militares e a gravíssima nova interrupção do fornecimento de próteses, ortóteses e produtos de apoio aos deficientes das forças Armadas são exemplos de uma insensibilidade que impede o devido reconhecimento das marcas físicas e psicológicas que os deficientes militares suportam até ao fim das suas vidas. A Guerra Colonial perdura nos efeitos devastadores que a memória curta provoca. Fim de citação.

Ora bem. Isto provoca em cada deficiente uma indignação e ao mesmo tempo uma revolta. Fomos obrigados a ir para uma guerra , da qual regressámos todos com doenças e deficiências que nos tem afectado ao longo da vida e querem-nos impor como funcionários da Função Pública como se as as doenças fossem profissionais. É simplesmente vergonhoso.
A este Dl503/99, paço a citar o nosso jornal, agride deficientes de guerra classificados como sinistrados da Função Pública. Fim de citação. E esta? É um autentico desprezo por quem deu a vida pela Pátria. Pelo menos foi o que nos disseram na altura. Muitos camaradas estão doentes, o setress causado por episódios de guerra afectam muitos deles causando ainda sofrimento ás suas famílias e muitos deles sem os seus processos resolvidos, agora são chutados para o resto da sua vidas. Os nossos governantes não nos podem tratar assim. Somos e continuamos a ser filhos da Nação Portuguesa. O nosso Ministro da Defesa disse num jornal e respondendo ao nosso saudoso Comendador José Arruda que iria resolver os problemas que afectavam os deficientes das Forças Armadas. Então?É tão bonito em dias festivos e no meio das palmas dizer palavras bonitas. Pois é! Depois, vem o maldito esquecimento que ultimamente tem afectado os nossos governantes.
Diz a Direcção Nacional: A guerra, paço a citar só não terminou como está a ganhar força, grande perplexidade e revolta no seio dos Deficientes das Forças Armadas e suas famílias. Lutamos até morrer, pelos direitos exigidos pela "força justa das vítimas de uma guerra injusta". Fim de citação.
O que é que estes senhores que se sentam todos os dias na Assembleia da República sabem de guerra e o que foi a Guerra Colonial? Nada. Vamos para a função pública! Que eu saiba, as nossas canetas foram as G3, as secretarias, foram as picadas o mato as minas as emboscadas e noites sem dormir e a má alimentação. Nem sequer tinha-mos direito a cadeiras almofadadas.
Mas já agora,muitos tiveram direito em vir em caixotes pela calada da noite, outros por lá ficaram desprezados por aqueles cemitérios (outra vergonha) e ainda os que vieram deficientes. A viagem para lá, foi paga pelo Estado Português para cá, foi paga pelo suor e lágrimas de muitos e por aqueles que sofreram no corpo e outros com a sua própria vida. Há muitos camaradas nossos que já morreram sem qualquer compaixão do Estado, não queiram fazer daqueles que restam, como fizeram aos da 1ª Grande Guerra. Simplesmente esquecidos!
 Vamos ver o que vai acontecer. Não nos vamos calar! Comeram-nos a carne têm também de roer os ossos. É um velho ditado português.

 Por hoje chega. Desejo a todos uma boa semana com muita paz e saúde.

                                           Um abraço. SANTA.

09 agosto 2019

Diário de bordo

Como diz o povo: recordar é viver. Por isso, acho bem, que ano após ano, enquanto for possível, aqui se vão lembrando as nossas aventuras/desventuras Atlântico acima até ao Indico. 
O diário de bordo que o Santa faz o favor de lembrar acredito que nos deixe ainda e a todos algum saudosismo (mais mau do que bom, digo eu!).
Encontrei matéria fotográfica que pode dar uma achega ao dito "diário de bordo" e, assim, aqui também o quero deixar, mesmo sem ter pedido autorização aos protagonistas e que me desculpem se for caso disso!
Como o Santa diz só a irreverência dos nossos 20 anos e já agora, porque não, por total desconhecimento politico da situação em que vivíamos, é que nos dava aquele ar tão descontraído, pois se soubéssemos realmente para onde íamos, se calhar, alguns ofereciam-se aos tubarões antes de chegar ao destino!
 Cá está a equipa principal de transmissões (sem estes habilidosos não havia guerra!!)
Em baixo o Claro, da dir. para esq. o Adão (faleceu num desastre após chegada à metrópole), o Moreira (agora é que está apanhado do clima!), Eu (sempre em lugar de destaque!) e o Baptista (aqui infiltrado!).



 Parece mentira mas é a pura verdade, isto é a piscina do N/M "Vera Cruz", só que como não pagámos o cruzeiro a Agencia Abreu esvaziou-a!
Da dir. para a esq. Adão (?), Pinto (escriturário), Moreira (na escada), Eu, Claro e o Baptista.
Destino: Resort em zona luxuriante turística do norte Mozambique, por tempo indeterminado e com todas as despesas pagas. Só os extras eram por nossa conta!!
Bem nos podíamos considerar uns felizardos!!!!!!!!!!!
Resta dizer que as fotos foram tiradas no dia 30 de Julho de 1968.


07 agosto 2019

1968...

1968! Faz hoje (dia 8 de Agosto) 51 anos, que de madrugada e depois de dobrar o Cabo da Boa Esperança o paquete Vera Cruz atracava no cais da belíssima cidade de Lourenço Marques. A 2415, pisava pela primeira vez terras de Moçambique. De manhã cedo, começou a preparação de desembarque onde depois todos aprumados marchamos (a 2415 e as outras que seguiam connosco) por uma das avenidas principais, afim de mostrarmos a nossa força à população da cidade. Parecia um desfile militar em dia de festa. Era ver toda aquela multidão com lenços e bandeirinhas a bater palmas. E nós muito senhores do nosso papel, dávamos a respectiva resposta com o nosso aprumo e todos vaidosos. Era a nossa juventude e a irreverência que dela fluía. Claro, nesta altura a guerra ainda estava muito longe, ficava ainda muito lá para cima. Nesta linda cidade, reinava o bem estar e a fartura. Há noite, era ver  nos cafés, restaurantes etc etc, toda aquela gente importante bem vestida e bem acompanhada pelos seus maridos e ainda gente grande do nosso exército. Fiz muitas vezes está pergunta a mim mesmo: Será que estas pessoas sabem o que acontece  lá no norte naquelas terras esquecidas? Sim, porque lá em cima era onde o sol queimava mais e as vidas estavam em risco lutando muitas vezes contra a morte. Em Lourenço Marques, por aquilo que era dado ver, com aquela alegria na cidade não havia cheiro da guerra.
Depois daqui, era novamente a rotina no Vera Cruz a caminho da cidade da Beira. Era cada vez mais o aproximar  da maldita guerra que nos esperava e que tantas dores nos causou. Daqui, ainda faltava Nacala. Aqui ia findar a nossa aventura  no Vera Cruz e começar uma nova aventura para a zona de guerra no famoso Comboio do Catur!
Mais um retalho da história da 2415!!!
Para todos um grande abraço
           PL
              SANTA
Era a partir daqui que começávamos a sentir o cheiro de África!