02 setembro 2009

A GUERRA

(Por  F. Santa)

Lendo o livro de poesia do nosso camarada Capitão Calvinho, deficiente das Forças Armadas, não podia deixar de transcrever para todos um excerto do prefácio do mesmo livro da autoria da Associação dos Deficientes das Forças Armadas que diz o seguinte:

“ Os homens vitimados pelas minas e pelas granadas, nas matas e nas picadas, maltratados nos hospitais, escondidos da sociedade, abandonados e desprezados, como farrapos, por quem deles se serviu, jamais calarão a voz da razão, a voz da sua justiça.”

   Para quem não sabe, eu pertenço a esta Associação. Eu sou um daqueles que também ainda não se calou e não se irá calar jamais, tanto em defesa dos deficientes mas também em defesa daqueles que não sendo deficientes, hoje sofrem no corpo os males da guerra que transportarão até ao final das suas vidas e que os nossos governantes de outrora e de hoje sofrendo de “Amnésia” se esqueceram de todos nós.
                  
    Do nosso camarada Capitão Calvinho aqui vai um dos seus muitos poemas:




                “ INTRÓITO”  

Eu não canto o épico da guerra
Não, não canto!
Eu canto a agressão
Que fui e suportei!
--Eu fui à guerra:
MATEI!..
--Aqui estou, hoje e agora,
Amanhã e sempre,
Para gritar em verso ou em prosa
Aquilo que vi, fiz e vivi:
--Porque acordei!
E dou testemunho de tudo quanto canto
Pois tudo vivi como instrumento
E hoje sinto como canto!
--Não quero esquecer a guerra!
Ninguém a deve esquecer!..
A lembrança
há-de ser
até morrer
o permanente estigma
que todas as madrugadas
me há-de mobilizar! 

Tudo isto que nós transportamos para este nosso espaço, não é mais que um grito de revolta suave e também de resignação, mas também um sinal de que estamos vivos apesar das nossas fraquezas.

  Artur. Estás sempre atento! 

  Um abraço para todos.
  F. Santa


 

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