12 maio 2021

O TEMPO...

.O tempo vai passando por nós o que é uma grande verdade, mas por mais que o tempo vá passando, há coisas boas que não esquecem mas, também há coisas más que perduram no tempo e que a nossa memória não apaga. Refiro-me neste caso há "Guerra Colonial".
Como disse atraz, o tempo vai passando e ao mesmo tempo, todos aqueles que dela fizeram parte e ainda estão vivos, vão desaparecendo o que faz com que seja um alívio para os nossos governantes. Porquê? Já não os incomodam! Ficam livres daqueles (principalmente os deficientes) que ao longo do tempo precisaram de ajuda do Estado e este mesmo Estado se veio esquecendo deles ao longo do tempo. Muitos morreram sem verem os seus direitos serem reconhecidos. Ao longo do tempo, houve sempre um olhar para o lado sobre a Guerra Colonial e seus efeitos nos que nela combateram.
Agora, depois de tantos anos passados, e que tantos de nós já desapareceram, eis que se consegue o "Estatuto do Combatente". Pode dizer-se tarde? Sim. Mas foi graças ao esforço da Liga dos Combatentes e á Associação dos Deficientes das Forças Armadas. Agora, todos esperamos que o governo faça o que lhe compete: cumprir o que nele consta. Mas será que vai cumprir? Quando? Esperamos para ver.
Já tenho dito muitas vezes: enquanto houver um combatente vivo já mais será esquecida a maldita Guerra Colonial. Que cada um de nós que a viveu não deixe que ela se apague no tempo pois, foi mau de mais para que tal aconteça. Já basta os outros... que a querem ignorar e outros que nos criticam que, ignorantes, se esquecem que hoje desfrutam de uma liberdade á custa daqueles que nela combateram morreram e ficaram deficientes. Por isso, se deu o 25 de Abril. Quem não reconhece isto é diz por vezes tantas barbaridades... Eu falo assim, porque infelizmente ao longo do tempo já ouvi coisas...
Eu sei que estamos num país livre. As pessoas têm o direito de terem opinião. Mas, há coisas que por vezes se dizem que se deveria ter um pouco mais de respeito pois o respeito não faz mal a ninguém. Vejam só. Será que alguém vai acreditar nisto? Em conversa com algumas pessoas, veio á baila a Guerra. A certa e determinada altura, sai da boca de uma das pessoas presentes para um colega meu, simplesmente isto: Tu estás bem na vida. A Guerra deu-te uma boa pensão. Não podes falar mal. Claro que se gerou alguma confusão pois o meu colega não tinha uma perna e na sua juventude praticava futebool. Enfim ...
Como já disse, nós que ainda cá estamos, temos que manter viva o que foi a Guerra Colonial. Quer queiramos ou não ela faz parte da nossa História e eu ao longo dos anos, este assunto nunca foi "tabú" na minha família nem entre amigos e muitos jovens. É o caso do meu neto que ao longo dos anos me tem acompanhado em todos os convívios da 2415 como também nos convívios da  A.D.F.A da Delegação de Coimbra. Sempre atento ás nossas conversas sobre a guerra. São os nossos filhos e os nossos netos e restante família que têm de passar ás gerações futuras o que foi realmente a Guerra Colonial e o que a nossa geração passou.

Já agora, e em forma de lembrança, que os nossos governantes não se esqueçam da promessa do Estatuto do Combatente que é trazer para Portugal os restos mortais dos que por lá ficaram sepultados de maneira que as suas famílias façam o seu luto. Só por curiosidade e se a minha memória não me falha, julgo que nos primeiros anos da Guerra Colonial o Estado não pagava a transladação para a Metrópole dos nossos camaradas mortos. Um exemplo. De Moçambique a transladação custava á família cerca de 12.000 escudos. Mas vergonha das vergonhas existem mais de mil camaradas enterrados por lá e em muitos casos, desprezados.

O tempo não pode apagar cada pedra da nossa história embora muitos desejam que não se fale nela. Podem dizer que estão fartos do que escrevo mas nunca me falarem até que o meu cérebro me mantenha a memória viva.

Com um grande abraço para todos

           SANTA

1 comentário:

  1. Totalmente de acordo com tudo que escreveste.... nunca será demais continuarmos bem atentos no posto de vigia.... Força amigo Santa... há que continuar. Abr.

    ResponderEliminar