11 junho 2020

Eleições..... (De Copacabana-RJ/Brasil ao Bairro do Inguri-Angoche/Moçambique)


Atravessou-se na minha memória, repentinamente, numa manhã de Outubro do ano passado. Foi, assim, enquanto tomava o pequeno almoço a televisão de Moçambique, que por vezes sintonizo, ia debitando noticias sobre a campanha eleitoral para presidente da republica, deputados e autarquias, assim a modos como 3 em 1 (bem que deviamos aprender alguma coisa em economia). Diziam eles que a campanha até nem estava a correr mal de todo, tirando alguns confrontos que resultaram em 49 mortos, coisa de somenos, digo eu, pois o êxito, tudo indiciava, iria ser grande. E foi, a adesão às urnas foi a maior de sempre e, ainda por cima, ganhou a FRELIMO (nossos adversários à 50 anos. Lembram-se?), salvo erro, em todas as frentes. 
Bem, a dado momento ouço o "pivot" das noticias a falar duma confusão em Angoche (ex-A.Enes), mais precisamente na mesa de voto do Bairro do Inguri. Acreditem, pasmei a ouvir o nome, creio que todos ainda nos lembramos que durante os meses que lá permanecemos a vida até nos correu de feição, era lá que aos fins de semana, e não só, a malta se "desbragava" em grandes "marrabentadas e batucadas" mais as galinhas "á cafreal" (o camarão já era demais!!) empurradas pelas 2M e Laurentinas. Ah! e já agora, também se devem lembrar que, por não se cumprir o horário do recolher, havia sempre esteiras ou enxergas onde pernoitar.
E foi precisamente neste local que o maior especialista em "desenfianços", falo do enfermeiro, o Zé Miro (do Porto), um dos tipos mais espertos e malandrecos que a companhia teve, apareceu a tempo inteiro. E fê-lo porque encontrou o que gostava de fazer: cantar. Descobriu uns civis que se distraiam tocando umas guitarras eléctricas debitando horrores de decibéis, enquanto o nosso Zé Miro tentava imitar os "Morandis" da época com "non son degno de te" e outras que tais, fazendo as nossas delicias naquele bar/restaurante.
Segundo a televisão a dita confusão havida na mesa de voto diz ter sido protagonizada por uma mulher que demorou demasiado tempo na cabine de voto e de seguida queria enfiar na urna uma mão cheia de boletins préviamente preenchidos que levou para o interior por debaixo da "capulana". Óbviamente, tamanha ilegalidade não lhe foi permitida pelo presidente da mesa e, por isso, a votante foi ao exterior do local de voto chamar dois filhos que, surpreendentemente, tentaram dar uma sova no infeliz que abandonou a mesa a toda a pressa. A policia foi chamada ao local  e a mãe e filhos foram "dentro".
Este episódio burlesco faz-me lembrar, por analogia, mas ao contrário, o acontecido com meu pai e que, resumidamente, é assim: Foi nas eleições de 1958 (julgo que únicas até ao 25 de Abril) para Presidente da Republica, com 2 candidatos, o Gen. Humberto Delgado e o Alm. Américo Tomás. No dia da votação nos Paços do Concelho o meu pai queria depositar o voto na urna, só que a pessoa do outro lado tirou-lho da mão informando que depois lá o colocaria. O meu pai não se conteve e agarrou-o pela gola enquanto logo 2 GNRs aos empurrões o obrigaram a sair da sala.
Passados poucos dias surgiram, repentinamente, à nossa porta 2 figurantes da PIDE, só que o meu pai, de sobreaviso por forças solidárias na época, não ficou à espera das habituais visitas de cortesia e pôs-se ao fresco para o Brasil. Com ajuda de familiares lá instalados pirou-se com a minha mãe para aquelas paragens. 
Passados alguns anos fui ter com eles à cidade maravilhosa (era) onde passei a adolescência a estudar e a frequentar a praia de Copacabana, cheia de encantos!
Dali, e num espaço de mais alguns anos, a gentalha que governava mal Portugal, lembrou-se de meter o Bairro do Inguri na rota da minha vida.
   

2 comentários:

  1. Olá amigo Castro!Sejas bem aparecido no nosso blog! Deves ter tantas coisas para contar.Vai contando que o nosso blog agradece!Quanto ao texto que escreveste,é interessante e ao mesmo tempo espectacular.Quanto ao leitão é quando tu quiseres. Com as restrições necessárias (confinamento) já se pode comer!
    Um abraço e também muita saúde.
    SANTA

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  2. Grande Castro, Tal passado Tal presente, Tal e qual, Levas Jeito pra pena!
    Um abraço do tamanho do Mundo
    Amigo Iliasse

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