22 maio 2020

Fomos "carne pra canhão"

Mais uma vez fiquei chocado ao deparar, numa das minha ultimas leituras (Moçambique, Aquartelamento AK-47, autor Carlos M. Duarte) que recomendo, sobre o universo inesgotável da guerra colonial que tivemos de penar, numa análise antecipadamente feita pelo IN (Frelimo), mais própriamente pelo seu fundador e líder incontestado, Dr. Eduardo Mondlane que, figuras da política internacional da altura, diziam vir a ser figura proeminente daquela zona de África.
Ao lerem a dita análise logo irão perceber o motivo do meu incómodo, ou seja, aquela gentalha (politicos e militares) que geriam a seu bel prazer as nossas vidas (cerca de 1 milhão de jovens), das duas uma, ou seriam totalmente ignorantes (literacia) ao não saberem interpretar a análise que o IN lhes apresentava em bandeja, e que ninguém acredita, ou então a outra, essa sim, a que fere, a que choca, a de nos mandarem para uma guerra (8831 mortos + 100 mil deficientes) com aquele poder ditatorial: "quero, posso e mando",  mesmo sabendo, de antemão, que era uma guerra perdida no tempo.  
Considerando-me afortunado por ter regressado com vida, jamais me conformarei por tal gente nunca ter sido julgada e penalizada pelo enorme crime cometido contra o próprio povo.
Por analogia, há que lembrar que,  na mesma época, os jovens dos EUA sofreram, e de que maneira, com o mesmo tipo de guerra "subversiva", no Vietname e, exatamente, pelos mesmos motivos, à partida estava perdida, o que veio a acontecer com a retirada envergonhada dos americanos com enormes perdas de vidas e deficientes, de que ainda hoje padecem.

Este é o interessante texto extraído da obra "Lutar por Moçambique" da autoria de Eduardo Mondlane (1920-1969) fundador e Presidente da Frelimo sobre as condições vividas  nos distritos do Niassa e Cabo Delgado.
                                                                       

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