Hoje quatro de Julho, feriado Municipal da minha cidade (Coimbra), fui dar uma volta pela baixa, volta essa que foi muita curta derivado ao calor que se fazia sentir. Sendo assim, resolvi ir até ao Convento de Santa Clara (hoje é o dia da Rainha Santa Isabel). Entrei, sentei-me, meditei um pouco e depois fui visitar o "Coro Baixo" (que fica ao fundo da Igreja) que foi aberto ao público, julgo, pela primeira vez. Vale a pena.
Regressando a casa, (depois de saciar a sede com uma canequinha de cerveja), fui mexer nuns livros,e encontrei um poema do nosso camarada Carlos Silva dedicado a um amigo de infância, salvo erro com o nome de "Alberto"que passo a transcrever por achar interessante.
Regressando a casa, (depois de saciar a sede com uma canequinha de cerveja), fui mexer nuns livros,e encontrei um poema do nosso camarada Carlos Silva dedicado a um amigo de infância, salvo erro com o nome de "Alberto"que passo a transcrever por achar interessante.
" COISAS DE INFÂNCIA e JUVENTUDE"
Íamos descalços prá escola Quando nos juntávamos á lareira
Calça rota camisa remendada Todos queríamos o melhor lugar
Nem pobres de pedir esmola À roda de uma enorme fogueira
Nem família muito abastada Até haver lenha para queimar
O nosso pouco tempo morto Na matança do porco p`lo Natal
Era passado na estrada a brincar Havia sempre garotos á briga
Chateávamos o Belgo e o Torto Mas ninguém levava a mal
E mais quem vinha a passar Vá de jogar a bola com a bexiga
À missa ao Domingo, os dois Fomos os dois aos 26 à feira
A seguir, ir à água às fontes Comprar onde guardar o dinheiro
Tratávamos do gado, e depois Gastamo-lo todo logo á primeira
à doutrina a Regueira de Pontes Na compra de um mealheiro
Somos quase da mesma idade A grande feste dos milagres
A infância e a juventude nos juntou Onde se calavam as melancias
A primeira experiencia de saudade O que lá se passava nem tu sabes
Foi quando o Ultramar nos separou Se agora soubesses até te rias
A tantas árvores trepamos Dormíamos no sótão e no palheiro
Mais na época dos ninhos O bafo dos animais nos aquecia
Quantos pássaros tiramos Era assim a nossa vida de solteiro
Do bagulho aos carreirinhos Hábitos da terra onde se nascia
Um simples mal entendido Fizeram um grande cortejo
Foi o bastante, o suficiente Nas festas de Santo António
Por ires aos ninhos comigo Um homem a tocar realejo
Foste castigado injustamente E outro a tocar harmónio
Quando brigávamos em garotos Com os pais prá festa da Ortigosa
Era como o sol de pouca dura Pagar a promessa a Santo Amaro
Chegávamos a casa todos rotos Em curas e milagres era famosa
E vá de porrada com fartura Santos de cera e bonecos de barro
Muito trabalhaste no campo Os irmãos mais velhos, é natural
Também foste bem arrastado Terem os mais novos a guardar
Com a tua paciência de santo Se lhe acontecesse algum mal
Dificilmente te viam zangado À noite havia contas ajustar
Os pais queriam o melhor para nós Se o pai estiver acordado
E não nos batiam por prazer Quando a gente for a entrar
Bem diziam as nossas avós Se ouvir os passos no sobrado
Quem dá a criação dá o comer A gente diz que é o galo a cantar
A calma não é preguiça O milho no serrado da Avó
É jeito de estar na vida Dava muita e boa espiga
Não trocavas nunca a missa A fruta verde cheia de pó
Nem por uma conversa amiga É que fazia dor de barriga
Em Angola combateste O Natal com o presépio pobrezinho
Pra onde foste mobilizado Na Páscoa é que se tirava o folar
Um amigo lá perdeste Pelos santos pedíamos os bolinhos
Por ti sempre recordado E nas festas é que era namorar
O pior que nos podia acontecer P`lo carreiro do lavradio
Era ir prás terras ao Domingo Íamos para lá da Amieira
Às vezes sem comer nem beber À caruma a tiritar de frio
Do calor a suar feitos num pingo Pra noite acender a fogueira
Á frente das vacas a lavrar A brincar com os primos
Pra bem acabar a sementeira Atirar fruta a quem passa
Contentes e alegres a assobiar Muito a gente nos rimos
Já se vê a merenda na poceira No barreiro da avó da ouraça
A nossa mãe bem nos ensinou Temos um fato novo
Sempre à noite o terço rezar P'ra estriar nos dias das festas
E nunca ninguém se deitou O que dirá agora o povo
Sem antes na bacia os pés lavar Ao ver uma coisa destas?
No dia da primeira comunhão
Lavavas um fatinho branco
A vela acesa numa mão
Na outra a pagela do santo.
Autoria do nosso camarada Carlos Almeida da Silva
Pronto. Fico por aqui. Continuação de uma boa semana para todos. SANTA.
Pronto. Fico por aqui. Continuação de uma boa semana para todos. SANTA.
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