23 julho 2017

LEMBRANDO...

Vai parecer um pouco estranho, ter desaparecido o meu texto (Lembrando...) do blog. Não. Não foi censura , a Pide já não entra no nosso blog! Então o que aconteceu, é que o nosso amigo Soares por lapso ao introduzir o pequeno filme do nosso embarque apagou o meu texto o que logo prontamente me pediu desculpa. Soares, mais uma vez não tens que me pedir desculpa pois são coisas que acontecem a qualquer um, e então a mim...! Para mim o computador ás vezes é embirrento comigo! Umas vezes apaga os textos, outras vezes aumenta o espaço das linhas outras vezes não anda para baixo nem para cima. Enfim : é o gato e o rato! Portanto Soares tudo na boa.O que interessa é que com o filme melhoraste a efeméride...

 Claro, que já não tenho de memória o texto que escrevi. Sendo assim, por outras palavras relembro aqui, que hoje faz 49 anos que partimos do cais da Rocha Conde de Óbidos no paquete Vera Cruz com destino ao Ultramar, mais propriamente a Moçambique. Claro, é um dia que nunca esquece. Foi o dia em que estava a ser arrancado a todos nós um pedaço das nossas vidas. Eramos jovens demais para ir para uma guerra e ainda por cima uma guerra injusta. Estávamos todos ali com as famílias á nossa frente (para quem lá tinha a família) num cenário dantesco. Eram os lenços brancos, gritos, as lágrimas, os desmaios, de toda aquela gente que nos via partir sem ter a certeza se voltaríamos ou não e em que condições. Quando o Vera Cruz apitou três vezes eu não quero pensar o que se passou na cabeça daquelas gentes. Vós, jovens de hoje, não queiram nunca na vida  passar por uma visão como esta. Através do filme da nossa partida (feito na hora pelo nosso Alferes Magalhães, o que aproveito para lhe desejar as rápidas melhores) podem ter uma pequena ideia o que foi o nosso embarque. Era assim com todos aqueles que partiam. Depois da partida, toda aquela gente se preparava para os meses seguintes, uns para a solidão, outros para ficarem sem os seus sorrisos e ainda ficando sempre á espera de uma má notícia. Era como se se vida tivesse acabado para muitos. Sempre que um telefone tocava, sempre que ouvissem bater á porta era uma angústia terrível. A minha mãe não tinha telefone, quando batiam á porta (dizia ela) sentia logo um aperto no coração. Ela pensava que era alguém do exército a dar uma má notícia.
 Que estes tempos não voltem. Que a juventude de hoje, não tenha que passar por tudo aquilo que passamos quando a gente tinha a vossa idade.

Desta vez não ponho fotos pois o pequeno filme ilustra bem o que era o embarque.


Para todos, uma boa continuação de férias (para quem está), para quem não está uma boa continuação de fim de semana. Um abraço.
    
                                                              SANTA

1 comentário:

  1. Obrigado amigo Santa pela nítida "ilustração" daqueles momentos angustiantes. Ainda hoje é difícil esquecê-los e para muitos outros o tempo não curou tudo com toda a certeza.

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