29 fevereiro 2016

CONTINUANDO...

o homem só sem ninguém
Em escuro buraco algemado
Elevava o pensamento
Para Amílcar Cabral
Pró Nino e seus camaradas
Algures em matas sangrentas
Em traiçoeiras picadas
Em bolinhas lamacentas
Numa luta sem quartel
Lutando p, la independênca
Dum país na escravidão
- Eis senão quando um soldado
Mal dormido e chateado
Abre do ' horto' o portão
E o 'Cristo' anestesiado
P'la força da sua razão
E logo outro soldado
Mandado e mal-humorado
Dá no negro um empurrão
E enfia no desgraçdo
A corda da condenação
Sai o negro arreatado
Do covil feito prisão
E aparece na noite
' Tribunal d' acusação
Onde um Juiz capitão
À frente da Companhia
imponente o aguardava:
- És tu do PAIGC ?
Pergunta ' o centurião '
Com a espingarda aperrada
Nos dedos da sua não.
E o homem estoirado
Naquela noite tão fria
Com negra tanga rasgada
Que mal as partes cobria
Com o corpo dilacerado
De mil úlceras povoado
Olhou centurião
E com voz suave e cansado
Na sua garganta algemada
Sereno lhe respondeu:
- Tu o dizes - Capitão!...
Os boinas verdes já fartos
De ser carne para canhão
Diziam na madrugada
Em surdina disfarçada
- Que vamos fazer afinal
Se o homem não dirá nada.
Mas a voz do Capitão
Ouviu-se na escuridão
- Vamos cumprir a missão!
Eram quatro da madrugada
À saída do portão.
Oito horas levaram os boinas
Da cor do verde limão
A percorrer a picada
Que os conduzia ao nada
E o homem feito vanguarda
Da operação condenada
A ser fracasso d, heróis
Sofria as dores das chagas
Que a pide nos rins lhe fizera
E as dores nos pés eram tantas
Que já esquecera as pauladas
                                                Continua...
Se o nosso camarada Capitão Calvinho ver o nosso blog, um grande abraço para ele.
  Para todos,  vai mais um abraço. Santa.

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