Estou neste momento a ler (Os anos da Guerra) do Círculo de Leitores e encontrei uma poesia interessante:
CAMARADA INIMIGO
Esteve aqui um inimigo sem fome, muita.
Deixou - me este inimigo uma ração de combate com formigas
E 2 pedaços de papel de jornal com excrementos
E 22 latas de cerveja vazias
E capim pisado.
Deixou - me este inimigo uma ração de combate com formigas
E 2 pedaços de papel de jornal com excrementos
E 22 latas de cerveja vazias
E capim pisado.
Contou - me muita informação preciosa este inimigo
Sei que há 3 meses fazia frio em Lisboa (Portugal)
Caetano está bom na legenda mas só tem meia cabeça na foto
E o seu sorriso acaba onde começa mais excremento
Caetano está bom mesmo e o Povo Português muito triste
Hoje há 3 meses pois Eusébio não alinha por ter menisco
E Santo Francisco de Paula é senhorio em Lisboa dos pobres.
Sei que há 3 meses fazia frio em Lisboa (Portugal)
Caetano está bom na legenda mas só tem meia cabeça na foto
E o seu sorriso acaba onde começa mais excremento
Caetano está bom mesmo e o Povo Português muito triste
Hoje há 3 meses pois Eusébio não alinha por ter menisco
E Santo Francisco de Paula é senhorio em Lisboa dos pobres.
Sei ainda que este inimigo tem a doença da sede para esquecer
Tem pouca fome porque ainda não sabe aprender a esquecer
Tem diarreia, tem lombriga, tem solidão
E só sabe fumar metade do cigarro.
Tem pouca fome porque ainda não sabe aprender a esquecer
Tem diarreia, tem lombriga, tem solidão
E só sabe fumar metade do cigarro.
Este inimigo deixa muita informação e rasto
Não pode ser um inimigo tão assim tanto
É um camarada trabalhando no campo inimigo
É pelo menos um agente duplo.
Não pode ser um inimigo tão assim tanto
É um camarada trabalhando no campo inimigo
É pelo menos um agente duplo.
MUTIMATI BARNABÉ JOÃO
(in Eu, o Povo, 1975)
Será que alguém conhece? Não é interessante?
Um abraço. SANTA.
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