05 abril 2013

DIVAGANDO NO TEMPO

                Por:  F. Santa    

uma evacuação algures no mato
  
DIVAGANDO NO TEMPO

Ao longo do nosso blog, têm sido tratados diversos assuntos. Por vezes, é o bater na mesma «tecla», mas nunca é demais tentar despertar consciências que parecem estar adormecidas e procurar que elas acordem, o que por vezes me parece ser como malhar em ferro frio!! 
Os anos têm passado por nós sem darmos por isso. Aqueles que andaram na guerra e que se desgastaram ao longo dos anos pelo efeito da mesma, caminham para uma velhice, cheios de problemas. A maior parte, tem no corpo as marcas deixadas por uma guerra que nos foi imposta injustamente, marcas que os nossos governantes da altura tentaram esconder. Após o 25 de Abril de 1974, outros ventos sopraram. Ao longo dos últimos anos, algumas coisas nos foram dadas e mais tarde tiradas. É verdade que ultimamente algumas delas foram repostas, mas com muita luta da A.D.F.A. Mas será que não merecemos um olhar diferente? Afinal não somos a excepção das excepções? Assim disse o antigo Presidente da Assembleia da República falando da guerra do Ultramar. Não podemos deixar apagar a fogueira mas sim, mantê-la bem acesa!
Eu sei que alguns ao lerem este artigo estarão a dizer: "Este gajo é chato. Sempre a falar na mesma coisa". Pois é. Mas para os políticos temos que ser chatos. Há coisas em que se deve falar uma vez, outras duas vezes e outras nunca nos devemos calar (enquanto nos deixarem falar).
Continuando: Os outros senhores ("os fascistas"...) fizeram o mal. Obrigaram-nos a ir para a dita guerra. Estes senhores de agora, que ao longo dos anos criticavam então os outros senhores, não fizeram mais que tentar amolecer a situação, esperando talvez que a lei da natureza (-a morte-) a vá resolvendo. Talvez a ideia fosse repetir aquilo que fizeram com os que foram à Grande Guerra. Foram totalmente desprezados. Hoje, já somos menos, e parece que ninguém já se lembra da guerra do ultramar a não ser os que lá andaram, os que vieram estropiados e as famílias dos em caixas de madeira (Urnas) e dos que por lá ficaram simplesmente abandonados por aqueles cemitérios (autênticos matagais). Ninguém (o Estado Português) ao longo de todos estes anos  (a não ser algumas instituições) se tem lembrado deles e de resgatar as suas ossadas para lhe dar um local condigno onde possam repousar em paz e tranquilizar os corações das suas famílias.
Alguns elementos da sociedade de agora acham que muitos daqueles que combateram em terras de África já têm muitos privilégios. Mas será que têm? Só que muitos não têm braços, são cegos, não têm pernas, andam em cadeiras de rodas e outros acamados para toda a vida sem falar dos que têm a vida atormentada pelas recordações de guerra. Serão estes os privilégios de que falam? Já não bastou o sofrimento passado nos hospitais? Terem-nos escondido da sociedade? Abandonados como se fôssemos farrapos, por aqueles que se serviram de nós? Não era bom que os nossos governantes tivessem outros olhos para nós? E, dentro das dificuldades que o país atravessa, dar-nos uma velhice mais tranquila? Fomos nós os culpados da Guerra? Enquanto tivermos força e a saúde nos deixar, jamais nos calaremos. Por este país fora, muitos deficientes, milhares de viúvas, milhares de órfãos e ainda muitas famílias dos desaparecidos, têm sofrido em silêncio. Mas serão só os que ficaram deficientes? Não. Muitos dos nossos camaradas que não tendo ficando deficientes, têm transportado consigo ao longo dos anos os traumas de guerra e outras doenças que dela receberam como prémio.
 É pena que muitos camaradas nossos se tivessem acomodado ao longo dos anos com as suas mazelas de guerra e não tenham procurado a A.D.F.A., Associação dos Deficientes das Forças Armadas, uma Associação que ao longo dos anos tem sido um autêntico baluarte na nossa defesa. Se assim não fosse, hoje os que sofreram na pele os horrores da guerra nada tinham. O que teria sido deles! Estamos em 2013 e continuamos a remar contra a maré, muita coisa ainda pode ser feita.(Não esquecer que temos camaradas da 2415 deficientes). Falta ainda resolver o problema dos nossos camaradas deficientes em serviço. Aqui, mais uma vez esperamos o bom senso dos nossos governantes. Mas parecem não estar para aí virados! Porquê? A guerra não foi a mesma?
Não posso também esquecer aqui, do problema daqueles soldados africanos que combateram ao nosso lado, juraram pela mesma bandeira (Portuguesa) defender a Pátria (a da altura) e que hoje se encontram abandonados. Alguns quase há dez anos em Lisboa longe das famílias, sem que o Estado tenha olhos para eles e lhes resolva o problema. Fala-se tantas vezes em solidariedade. Onde está ela? Mais uma vez esperamos pelo bom senso dos nossos governantes.
Estamos em crise! Alguns (digo eu...  Muitas das notícias dizem-nos o contrário. Alguns têm lucros fabulosos, altas pensões de reforma e ainda ficam aborrecidos quando lhes tiram alguns euros, outros gozam férias ao seu belo prazer e ainda outras caganitas! Estou aqui a lembrar-me de um senhor que anda lá [ou andou] por Paris e que gasta  [ou gastava] à volta de 15 mil Euros por mês! E nós a ver navios! E os corruptos? É melhor parar por aqui!) 
Camaradas. Todos nós nos lembramos do dia da partida e da poeira da picada. Todos nós nos lembramos das minas. Todos nós nos lembramos das emboscadas e dos nossos camaradas feridos, dos mortos e mutilados. Todos nós nos lembramos da saudade que tínhamos daqueles que cá deixamos. Quem da nossa companhia (2415) não se lembra da terrível tragédia no célebre Caracol? Foi o nosso “baptismo” de guerra. Eu que ainda hoje vivo esse drama por razões que já neste blog descrevi, sinto-me à vontade para falar. Já lá vai, dirão alguns. Mas não é assim. São factos que ao longo dos anos têm sido transportados pela nossa mente e nos atormentam até ao fim das nossas vidas.
Agora querem dar-nos mais uma machadada. Continuam a fazer tudo para que o HOSPITAL MILITAR DE COIMBRA feche. Que bondosos estes senhores são! Que bem nos querem fazer!
Ao longo dos anos, tanto dinheiro foi esbanjado (desviado) não se sabe para onde. Os ricos continuam mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Nó,s os deficientes, não nos esquecemos daqueles que não tendo nada a ver com a guerra, passam fome por terem pensões de miséria, daqueles que não têm trabalho e de todos os outros que por circunstâncias diversas têm a sua vida perturbada pela dita crise. De uma maneira ou de outra as águas em que navegamos são as mesmas. Todos sofremos pela má governação desde o 25 de Abril e do aumento da corrupção. Tanto dinheiro que desapareceu e que tanta falta nos faz hoje! Uns, por terem tirado uma simples pasta de dentes de uma grande superfície são presos e outros que “desviam” milhões de euros são inocentes…
Para uns estarem bem, (governantes e companhia Lda.) nós os outros estamos mal.


 Depois de mais uma vez vaguear no tempo, isto é, desabafar um pouco para desanuviar a mente (peço desculpa para quem não gosta), pois o nosso blog também serve para isto, ficam aqui estas fotos. A primeira, mostra a 1ª vez em que os deficientes foram convidados (lembrados) para desfilar no 10 de Junho. Não tenho a certeza do ano, mas foi há poucos. Salvo erro em Faro:


 A outra, para quem tem dúvidas e não conhece a A.D.F.A., mostra duas condecorações que lhe foram concedidas: A 1ª Pelo Pres. da República Dr. Mário Soares e a 2ª pelo Pres. da república Prof. Aníbal Cavaco Silva. Uma a ORDEM DE MÉRITO e a outra a ORDEM DA LIBERDADE.

MEUS SENHORES TENHAM RESPEITO!



 

                    
                                  Para todos um abraço do Santa.


1 comentário:

  1. Não cales a voz Santa, dignidade acima de tudo. Estarei sempre contigo, pela razão, exijo desculpas. Abr. A.C.

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