13 abril 2013

DADOS QUE FAZEM HISTÓRIA

Por: F. Santa

   A guerra do Ultramar, ao longo do tempo em que existiu, transformou os jovens que, no auge da vida, se confrontaram com situações dolorosas. Uns ficaram amputados, outros cegos, com doenças graves no  organismo, doentes da mente, outros paraplégicos ou tetraplégicos... sem saber o que fazer no futuro.
Na altura da guerra, nós os deficientes éramos considerados “inválidos”. A partir daqui passávamos a ser uma inquietação para as famílias. Para muitos camaradas nossos, (como já foi dito várias vezes) os hospitais militares serviram para esconder da sociedade a realidade da guerra, como se nada de grave tivesse acontecido. Era assim que o governo de então actuava. Faziam de tudo para esconder da opinião pública todo o sofrimento que todos nós passávamos naquelas terras longínquas.
Gostaria aqui de introduzir alguns dados da A.D.F.A. para que a juventude de agora possa fazer uma ideia e ao mesmo tempo uma reflexão sobre a contabilização dos deficientes de guerra.
Estes são os dados estatísticos daqueles que adquiriram deficiências permanentes (ANGOLA, MOÇAMBIQUE, GUINÉ) na Guerra Colonial (1961 – 1974):

(clique para ler...)

Falando agora do stress de guerra, pensa-se que o número de ex-combatentes que foram afectados é muito acima do apontado (560). Todos estes dados, dizem respeito aos deficientes militares inscritos logo após o nascimento da A.D.F.A. Ao longo do tempo, muitos outros casos foram aparecendo aumentando os números. Ao todo (dados não muito rigorosos), terão sido evacuados das frentes de combate (13 anos de guerra) 25.000 militares com deficiências diversas.
Estes dados fazem a história pela pior razão. A GUERRA! Eles servem também para elucidar a juventude de agora a recordação que ela nos deixou. Não falo aqui dos mortos pois o número já foi  divulgado no blog em textos anteriores.
Espero que este texto tenha esclarecido (embora superficialmente) alguns alunos das escolas a que tenho ido.


  GUIA DE REMESSA

   Mercadoria: - (carne)                   
   Estado de conservação: - (fatidicamente fatimiofilizada) 
Destino: - (canhão)        

  Homens fortes partiam
 Desfilando em continência
  Senhoras de branco sorriam
  E muita fé incutiam
  Nas mentes escravas que fomos!
   …

 Toma lá uma esferográfica
  uma dúzia de aerogramas
  um macinho de tabaco
   e uma santinha de Fátima.
  Guarda-a bem no coração!

  Havia tanto “humanismo”
  Naquelas Sopico pint (adas):
 Senhoras das canastradas;
 Servas fiéis do fascismo!

  (Hoje descubro o cinismo
  Do gesto sujo – estudado!)

 CAPITÃO CALVINHO      


                           
Na ida para Moçambique
Vera Cruz 29-7-1968


 
Amigo e camarada Silva. Estamos à espera que digas alguma coisa sobre o nosso aniversário. Parece que este ano vai ser em Junho e vai ser de arromba! Vamos a isso. O que interessa é que não morra!


                                        Para todos um abraço do SANTA

Sem comentários:

Enviar um comentário