Por: F. Santa
A
guerra do Ultramar, ao longo do tempo em que existiu, transformou
os jovens que, no auge da vida, se confrontaram com situações dolorosas.
Uns ficaram amputados, outros cegos, com doenças graves no organismo,
doentes da mente, outros paraplégicos ou tetraplégicos... sem saber
o que fazer no futuro.
Na altura da guerra, nós os deficientes éramos considerados “inválidos”.
A partir daqui passávamos a ser uma inquietação para as famílias.
Para muitos camaradas nossos, (como já foi dito várias vezes) os hospitais
militares serviram para esconder da sociedade a realidade da guerra,
como se nada de grave tivesse acontecido. Era assim que o governo de
então actuava. Faziam de tudo para esconder da opinião pública todo
o sofrimento que todos nós passávamos naquelas terras longínquas.
Gostaria aqui de introduzir alguns dados da A.D.F.A. para que a juventude
de agora possa fazer uma ideia e ao mesmo tempo uma reflexão sobre
a contabilização dos deficientes de guerra.
Estes são os dados estatísticos daqueles que adquiriram deficiências
permanentes (ANGOLA, MOÇAMBIQUE, GUINÉ) na Guerra Colonial (1961 – 1974):
(clique para ler...) |
Falando agora do stress de guerra, pensa-se que o número de ex-combatentes
que foram afectados é muito acima do apontado (560). Todos
estes dados, dizem respeito aos deficientes militares inscritos logo após
o nascimento da A.D.F.A. Ao longo do tempo, muitos outros casos foram
aparecendo aumentando os números. Ao todo (dados não muito
rigorosos), terão sido evacuados das frentes de combate (13 anos de
guerra) 25.000 militares com deficiências diversas.
Estes dados fazem a história pela pior razão. A GUERRA! Eles servem
também para elucidar a juventude de agora a recordação que ela nos
deixou. Não falo aqui dos mortos pois o número já foi divulgado
no blog em textos anteriores.
Espero que este texto tenha esclarecido (embora superficialmente)
alguns alunos das escolas a que tenho ido.
GUIA DE REMESSAMercadoria: - (carne)Estado de conservação: - (fatidicamente fatimiofilizada)Destino: - (canhão)Homens fortes partiamDesfilando em continênciaSenhoras de branco sorriamE muita fé incutiamNas mentes escravas que fomos!…Toma lá uma esferográficauma dúzia de aerogramasum macinho de tabacoe uma santinha de Fátima.– Guarda-a bem no coração!Havia tanto “humanismo”Naquelas Sopico pint (adas):Senhoras das canastradas;Servas fiéis do fascismo!(Hoje descubro o cinismoDo gesto sujo – estudado!)CAPITÃO CALVINHO
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