Acho que a Maria Mutola e colegas foram as "namoradas" de Lione tal como o foram muitas outras espalhadas na imensidão daquela provincia, segundo crónica do Magalhães inserida no blog já há algum tempo e intitulada "Namoradas"
neste caso, de António Enes e da Ilha de Moçambique.
Foi a "namorada" dos muitos militares que por Lione passaram. E a Briosa, acho eu, não fugiu à regra! Acredito, até, que na imaginação e convicção de alguns foi mais do que isso, entrando nos variados e apeteciveis caminhos das emoções que substituiam as que tinham ficado a 10mil km de ausência.
Daí, e em nome de todos os seus admiradores, que devem ser imensos, humildemente lhe prestamos homenagem pelos serviços prestados, comprometendo-nos a jamais esquecê-la!
O caminho da guerra estava traçado. Hoje sabemos que era impossivel que não viesse a acontecer,foram demasiados homens, muito jovens procurando, acima de tudo, acelerar ao máximo o andamento dos 24 meses para o eventual regresso enquanto, nos intervalos da guerra, a conversa, tanto para as "Marias Mutolas" como para as outras cidadãs, era sempre a mesma: "Mué... quer fazer máquina?"
Senão estou errado, julgo que a troco de 20 escudos correndo, ainda, o sério risco, se apanhados em flagrante, das queixas do chefe da aldeia ou até dos maridos ofendidos ao nosso Cap. A.Amado, obrigando-o à aplicação das habituais sanções aos prevaricadores dos bons costumes instalados e que constavam do pagamento de alguns escudos ou do mesmo valor traduzido em garrafões de "cabeça de giz" e, segundo me constou, também podia chegar a uma ou outra cabeça de gado.
Após isto, apetece-me dizer, sem rebates de consciência cínicos e balofos, que aquela guerra nos obrigou, em imensos casos bem visiveis, a dar continuidade à miscigenação.
Não há que sentir resquícios de culpas e, por isso, não devemos pedir desculpas nem perdões por termos mantido e desenvolvido aquelas trocas de favores que, ao longo duma década de guerra, todos fomos dando uma mãozinha.
Haverá, concerteza, os habituais críticos de tudo e de nada, pregadores da moral que, nestes casos, dizem: "São coisas nefastas da guerra".
Desta não devemos comungar. Era a guerra, sim senhor, da qual não fomos ouvidos nem achados mas, analizada deste ângulo nos seus multiplos aspectos, era bem diferente, interessante e necessária quanto possivel, tanto para os que compravam como para as que vendiam. Era a "guerra do sexo" e, quando assim é, não há derrotados, quase sempre todos saem vencedores.
Digo eu!
PS - Foto gentilmente cedida pelo Paulo Antunes-1ºCabo Telefonista
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