Por: A.Paulo
Por mais que se fale sobre os locais por onde passou a nossa CCAV, existem sempre factos que se omitem quando se escreve um pedaço da verdadeira história vivida no dia a dia dum “AGRUPAMENTO MILITAR”.
Como diz o velho ditado “a conversa é como as cerejas”, e sendo assim é pena que o diálogo entre nós e sobre este tema se resuma a três ou quatro elementos, que acabam por comer as “cerejas” todas, não comungando neste “manjar” de recordações inúmeros camaradas nossos, também marcados por vários episódios que todos nós gostaríamos de relembrar.
Quando pego no meu álbum de fotografias acabo por seleccionar aquelas que praticamente são únicas e ainda não dadas a conhecer aos nossos visitantes do blog. Hoje escolhi uma onde se pode contemplar uma panorâmica do nosso destacamento em Luatize.
As barracas em primeiro plano eram os aposentos (quarto duplo) dos furriéis, estando equipadas com dois “burros” (camas de lona de abertura em X).
Ao fundo, penso eu, estamos em presença duma arejada e modernizada cozinha que era “chefiada” por dois exímios cozinheiros.
Já agora, que tal uma verdadeira sopa devidamente preparada com todos os requintes dum “maître d’hôtel”?...
--“Ó sr. Sousa então você despeja directamente o feijão da saca na panela?”... pergunto eu ao cozinheiro de serviço. “Então você não lava o feijão antes de o meter na panela?”...
Afirmativo, mas... negativo. Será escusado salientar que o feijão furado pelo bicho e cheio de pó logo deixou uma ecológica nata de gorgulho à tona d’água.
--“Não se preocupe meu furriel que quando a água ferver eles já morrem”, retorquiu o camarada Sousa. Nada de invejas que a sopa dá para todos. OK......
--“Como dormiam vocês?... As vossas camas eram boas?”, perguntam os curiosos.
Desde a chegada a Luatize (23/06/1969) e após o ataque ao aquartelamento, toda a gente dormia vestida. As nossas barracas de lona, encostadas a uma velha barreira de protecção ( faixa de troncos de árvores com terra no meio), eram invadidas à noite por centenas de ratazanas (pareciam coelhos) que saíam da barreira e nos atacavam à dentada, deixando como prenda uma grande infestação de parasitas.
Para contrariar estes “incidentes” espalhamos nas mantas e no chão enormes quantidades do poderoso insecticida DDT e fizemos lamparinas de petróleo (garrafas de cerveja com a tampa furada e com um pedaço de trapo a servir de mecha) que mantínhamos toda a noite acesas com a finalidade de afugentar os intrusos.
Com o nascer do dia e o sol a raiar, todo o pessoal se libertava do seu obrigatório “pijama” e de calções e chinelos fazíamos romaria ao rio que nas proximidades ali passava, para tomarmos o nosso banho diário.
Hoje fico por aqui. Continua no próximo capítulo.
Um abraço do Paulo.
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