Dar de caras com o mapa do distrito de Nampula que o Soares abaixo colocou, intitulado "Destacamentos" de António Enes, com etiqueta: Locais por onde andou a CCav2415 (mapas), obriga-me a relembrar, uma vez mais, aqueles fabulosos locais e picadas, no mapa bem traçados e que tão bem fiquei a conhecer há quatro meses atrás aquando da visita ao norte de Moçambique para reencontrar os chamados "locais de culto". Volto a inserir umas tantas fotos alusivas a alguns dos locais indicados no mapa, bem como umas pequenas historietas que há sempre para contar.
O famoso morro à entrada de Liúpo igual a tantos outros que 40 anos atrás conhecemos enquanto percorremos milhares de Km.
Quantas emboscadas e operações militares devem ter acontecido nesta zona? Todos sabíamos que onde havia morros havia "porrada"!
Aqui o centro da localidade com o conhecido cruzamento das 5 estradas (algumas picadas e outras, poucas, alcatroadas) que, segundo o placard do Ministério das Obras Públicas, estava em obras de manutenção. Esta localidade é importante por esse entroncamento para outras cidades estratégicas.
Naquele dia havia uma feira ao ar livre onde se vendia de tudo, desde produtos agro-pecuários até rádios, CDs, plásticos e, principalmente, camisetas do Cristiano Ronaldo e de todos aqueles que bem conhecemos do mundo do futebol. Havia para todos os gostos!!
O dito cruzamento distribui-se da seguinte maneira, aliás, bem mostrado no mapa do Soares: Uma via para Namaponda, Angoche (A.Enes); outra para Quinga (localidade mais próxima); outra para Quixaxe, Monapo e Nacala (este muito importante pelo porto de Nacala); outra para Mongicual (zona agrícola) e, por último, para Corrane e Nampula.
Aquando da visita a António Enes, em Julho passado, o trajecto escolhido, por motivos de trabalho do amigo Gonçalves, companheiro de aventuras, foi Nampula, Corrane, Liupo, Namaponda e Angoche (A.Enes) através duma picada larga (terciária, segundo o mapa). Tal escolha deveu-se à necessidade dele passar em Corrane para carregar o jeep de caixa aberta com 12 sacos de sementes de rícino da produção familiar do amigo Ferreira, ex-militar que por aquelas bandas acabou por esquecer a sua Penafiel, acho que nunca mais lá voltou.
Esta carga foi, posteriormente, já no regresso na passagem pela localidade de Nametil, deixada na fábrica que transforma
as sementes de rícino no famoso e caro óleo de rícino que o país exporta para mercados internacionais, principalmente EUA. Este óleo tem várias aplicações sendo a principal usada na industria aeronáutica.
(Aqui vemos o amigo Gonçalves dirigindo o dificil acondicionamento da carga).
O regresso de Angoche (A.Enes) já foi feito pela via principal até à capital do distrito Nampula passando, como disse, por Nametil.
Um empresário de pesca local (intermediário) que habitualmente nos fornecia o fresquissimo produto ao módico preço de cerca de 4,50 €/kg.
Conhecido por Careca, quando viu a cana de pesca que levei como "hobbie" nunca mais me largou. Passou ele a pescar e eu a descansar!
Clube da sua preferencia: Futebol Clube do Porto. Vá-se lá saber porquê! É que nem ele sabe explicar. Um dia terei de lhe levar uma camiseta do João Moutinho (prometida) mas quando ainda era jogador do Sporting!!!
Este lindo peixe chama-se peixe-papagaio devido às suas cores.
E faz uns filetes divinais!!
E quem não se lembra dos famosos caranguejos mais parecendo "santolas". Aqui estão eles vivinhos, de patas atadas, para não "ferrarem", antes de mergulharem na panela de àgua fervente...
... para, assim, ganharem esta cor que enchia os nossos olhos. Para mim tanto faz, venham eles cozidos ao natural ou mesmo de caril! Acreditem que é de sujar e chorar por mais!!
E à sobremesa não podia ser esquecido o famoso bolo "macua". A sua confecção é da maior simplicidade e o seu nome deve-se aos ovos serem de galinhas macuas muito pequenas.
Como se pode ver feito em grelha de carvão com areia dentro do recipiente exterior onde se colocava a forma com o bolo a fim de ir a "grelhar". O resultado está à vista, de fazer inveja a qualquer cozinheiro do guia Michelin!!
Enquanto fazemos a digestão destes manjares aproveitamos e bebemos uma água de côco bem fresca directamente do coqueiro.
E cá vai o nosso homem como se fosse montanha acima sacar o produto directamente da àrvore. Isto dentro do próprio quintal da casa do amigo Gonçalves.
Para depois nos saciarmos com aquele líquido fresco e aveludado, enquanto as lagostas começam a ser preparadas para outro "petisco".
Ora cá estão elas a serem colocadas na grelha, depois de lhes ser retirada uma fina tripa que têm dentro das costas.
Se esta operação não for feita os potenciais "glutões" sujeitam-se a umas digestões algo indigestas!
As coisas que aprendemos, enh?!
Enquanto isso vão ganhando as cores rosadas que atiram para o ar um cheiro de fazer àgua na boca!
Ao lado a fritadeira está pronta para a fritura das batatas que irão servir de acompanhamento para os apreciadores. É usual em Moçambique. Eu prefiro muito mais as proteínas do que os hidratos de carbono!
Et voilá! como dizem os franceses. É de comer e chorar por mais, digo eu!
Para usufruir destes exóticos prazeres da "gula" que tanto gozo nos dão terei aqui de prestar uma homenagem aos pescadores daquelas paragens que, com barcos tão "sofisticados", enchem as nossas mesas com tamanhas iguarias.
Aqui vão eles a caminho da Ilha de 7 Paus, zona propicia a grandes pescarias. Esta desabitada e pequena ilha que fica em frente à Ilha de Moçambique e à Praia das Chocas é pertença do ex- selecionador de futebol da equipa portuguesa, Carlos Queirós. Segundo consta foi-lhe oferecida pelo governo moçambicano. A troco de quê, não sei!
E, para terminar com a cereja no topo do bolo, só mesmo um deslumbrante pôr-do-sol por cima da Ilha de Moçambique.
Para chegar às Chocas, conforme se pode ver no mapa em questão, há que percorrer cerca de 220 km em razoável estrada alcatroada, a saber: Nampula, Namialo (aqui parávamos para beber um café "Ricori" feito à mão (lembram-se?) no restaurante Santos. Este ex-militar não regressou à terra próximo de Braga. Por aqui constituiu familia, vários filhos e de vez em quando vai até ao Minho para provar o vinho verde. Diz ter duas máquinas industriais de café tipo "cimbalino" arrumadas por não servirem para nada, uma vez que a pressão da água é inexistente. Assim, para resolver a sonolência da estrada alcatroada, vai de ricori que é muito apropriado!); Monapo (localidade onde o ex-presidente do Sporting, Dias da Cunha, tinha a maior parte das suas empresas e fábricas na época colonial. Algumas ainda continuam a laborar).
Nesta localidade vira-se à esquerda para se chegar à tal terra dos agradáveis petiscos e sabores que nos faz esquecer que a uma distância de mais de dez mil km há um país bolorento com o abismo aos pés, por culpa dos seus dirigentes.
E, assim, através de locais que foram a nossa guerra encontramos, agora, a paz! Irónico... mas verdadeiro!
Tenho cá uma suspeita que o amigo Castro recebeu forte maquia do Turismo ou dos Hoteleiros da Província de Nampula ... ou está à espera que lhe seja também ofertada alguma ilha tropical, como ao Queirós...
ResponderEliminarDe facto a magistral peça literária e fotográfica com que nos presenteia faz sentir saudades até a quem nunca lá esteve. E é digna de figurar nas promoções turísticas de Moçambique...
Parabéns!