Uma vez por outra uma "equipa de foto-cine" (suponho que se chamava assim...) deslocava-se a algumas unidades estacionadas no mato. Creio que se fazia transportar de Unimog (de caixa fechada, salvo erro), onde seguia um projector de cinema de 35 mm, as "latas" com os filmes, e, suponho, um gerador de electricidade.
Também em Lione houve cinema, uma ou outra vez. (É claro que esse "luxo" nunca chegou aos exilados em Chala, e muito menos a Matipa...).
Assisti a uma sessão, pelo menos. O programa era a rigor: primeiro os documentários, depois um episódio de desenhos animados, e, finalmente, o filme de fundo, com os intervalos da praxe ... .
O filme era projectado na parede da caserna... |
Ora acontecia que, por essa época, a ementa do rancho era muito repetitiva: há algum tempo o prato do dia era massa (com chouriço, com atum, com "estilhaços" [carne em pequenos pedaços]...)
Logo calhou de o documentário exibido ser sobre a Manutenção Militar, mostrando, com muito pormenor, o fabrico das massas alimentícias.
E eis que surge, bem forte, uma voz da plateia:
" SÓ MASSA, SÓ MASSA ... ATÉ O CINEMA É MASSA !!! "
.
Exactamente, o arremedo de filme era projectado na parede da caserna enquanto o pessoal ia mandando as "bocas" de acordo com as cenas "hardcore" usadas na época para maiores de 12 anos! Lembro-me bem do frio que rapei numa "soirée" em Lione. Era tanto que tive de me enrolar numa manta afim de o suportar.
ResponderEliminarHá 4 meses atrás, aquando da minha passagem por Vila Cabral, encontrei-o de novo durante a noite que lá passei. Acho que é um tanto ou quanto diferente do nosso, apesar de se poder dizer que frio é frio em qualquer parte do planeta! Mas desta vez suportei-o bem melhor, graças às mantas do amigo Lopinhos que me albergou.
Voltando às noites de cinema em Lione: Com um alvo tão luminoso que a 35mmm atirava contra a parede da caserna, mais parecendo uma árvore de Natal, é caso para dizer que o inimigo estava a dormir na forma!
Se eles percebessem alguma coisa da arte de guerrear, aquilo era canja! Não sobrava ninguém para poder hoje contar estas gozadas e agradáveis historias!
Isto lembra-me, também, o caso daquele militar que numa noite em Lione teve repentinamente um aperto de barriga e não foi de modas, pegou no "petromax" que encontrou mais à mão e foi capim adentro aliviar-se junto do arame farpado!
Ele havia cada "artolas"!