(Por F.Santa)
O dia da partida aproximava-se. O pensamento já só era a despedida de tudo e de todos, havia que minimizar a situação e então melhor forma era na véspera do embarque ir para a noite. E assim aconteceu. Vejam só o estilo da época! Aí estava o Santa no “Ritz Club”bem acompanhado! E vocês cheios de inveja! Esta noite além de me ter ficado cara valeu-me ser dos últimos a chegar ao cais da Rocha, mas valeu a pena. A segunda foto, bem, esta já tem outra leitura. Chamava-lhe o “ Anjo da Guarda”, e porquê? Tendo eu chegado ao Hospital de L. Marques no meio daquela confusão toda apareceu esta miúda juntamente com algumas senhoras da cruz vermelha o que me chamou atenção, não só pela circunstância mas também pela fisionomia. E sendo assim, houve logo uma aproximação verbal, de tal maneira que ela ficou como uma espécie de “ama”. Trazia-me comer do bom e do melhor poucas vezes comi o comer do Hospital quando já podia sair do hospital ela levava-me a passear, levava-me livros conversava longo tempo comigo, ajudou-me na recuperação e sempre com uma simpatia espectacular. Mas atenção, tudo sempre dentro da normalidade. Isto é só para verem que havia sempre alguém que se prontificava nos hospitais ajudar sem receberem nada em troca senão amizade.
Claro que hoje não sei do seu paradeiro, partiu-se o fio condutor que nos unia, mas mesmo assim eu nunca a esqueci até hoje e hoje onde quer que tu estejas (Fernanda) eu nunca esqueço o que fizeste por mim e te agradeço com toda a gratidão do Mundo.
Caros Camaradas. A guerra também nos oferecia episódios destes para quem deixava o mato para ingressar num hospital e eram pessoas como estas que não nos deixavam entrar na solidão daqueles quartos que mais pareciam prisões. Para todas elas um bem haja.
SANTA
Amigo Santa, depois duma noitada daquelas no Ritz com um "monumento" assim à ilharga, mais parecendo uma despedida de solteiro, ainda tiveste coragem para na manhã seguinte encontrares o caminho para o Cais da Rocha, é caso para dizer: "Vai lá vai que até a barraca abana!!" Somos uns autênticos salvadores da Pátria!
ResponderEliminarQuanto à "fada madrinha" que te surgiu do nada e que tanto te ajudou, não podemos esquecer que, na época, os valores eram outros. Até a moral era outra. Daí praticar o bem tornava-se fácil.