No Jornal o Elo (A.D.F.A.) que recebi este mês, vem um poema interessante que por isso mesmo achei por bem vos dar a conhecer.
"AS BALAS"
Dá o Outono as uvas e o - vinho
Dos olivais o azeite nos é dado
Dá a cama e a mesa o verde pinho
As balas dão o sangue derramado
Dá a chuva o inverno criador
As sementes dão sulcos o arado
No lar a lenha em chama dá calor
As balas dão o sangue derramado
Dá a Primavera o sangue colorido
Glória e coroa do mundo renovado
Aos corações dá amor renascido
As balas dão sangue derramado
Dá o Sol as searas pelo Verão
O fermento ao trigo amassado
No esbraseado forno dá o pão
As balas dão o sangue derramado
Dá cada dia ao homem novo alento
De conquistar o bem que lhe é negado
Dá a conquista um puro sentimento
As balas dão o sangue derramado
Do meditar, concluir, ir fazer
Dá sobre o mundo o homem atirado
À paz de um mundo novo de viver
As balas dão o sangue derramado
Dá a certeza o querer e o concluir
O que tanto nos nega o ódio aramado
Que a vida construir é destruir
Balas que o sangue derramado
Que as balas só dão sangue derramado
Só roubo e fome e sangue derramado
Só ruína e peste e sangue derramado
Só crime e morte e sangue derramado.
Manuel da Fonseca, "Poemas para Adriano"
Com isto termino com um abraço para todos
SANTA
Quem quiser ouvir este excelente poema na voz do saudoso ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA , pode seguir esta ligação:
ResponderEliminarhttps://youtu.be/gFZvESJFDJQ?si=GO6E6GXB-WWds1Mm