No nosso Jornal o "ELO" , veio uma poesia que eu vou transcrever no nosso blog, por considerar interessante.
A Guerra que Aflige com seus Esquadrões
A guerra, que aflige com os seus esquadrões o Mundo,
É o tipo perfeito do erro da filosofia.
A guerra, como tudo humano, quer alterar.
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar
muito
E alterar depressa.
Mas a guerra inflige a morte.
E a morte é o desprezo do Universo por nós.
Tendo por consequência a morte, a guerra prova que
é falsa.
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer-alterar.
Deixemos o universo exterior e os outros homens onde
a Natureza os pôs.
Tudo é orgulhoso e inconsciência.
Tudo é querer mexer-se, fazer coisas, deixar rasto.
Para o coração e o comandante dos esquadrões
Regressa aos bocados o universo exterior.
A química directa da Natureza
Não deixa o lugar vago para o pensamento.
A humanidade é uma revolta de escravos.
A humanidade é um governo usurpado pelo povo.
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é
não ter direito.
Deixai existir o mundo exterior e a humanidade na-
tural!
Paz a todas as coisas pré-humanas, mesmo no ho-
mem,
Paz à essência inteiramente exterior do Universo!
ALBERTO CAEIRO (HETERÓNIMO DE FERNANDO PESSOA), IN "POEMAS INCONJUNTOS"
Para todos um ótimo fim de semana
SANTA
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