Vergonha! Simplesmente Vergonha. Não podia deixar passar no nosso blog um caso de puro desprezo do Estado Português (neste caso) pelos grandes deficientes.
Sócio da nossa associação A.D.F.A. Rui Morgado, foi Militar Miliciano em Moçambique onde desempenhou exemplarmente a sua missão. Quis a vida que nessa missão fosse atingido com um tiro nas costas que o deixou "PARAPLÉGICO". Veio agora a falecer no dia 14 de Setembro de 2023.
Sua mulher, foi professora durante cinco anos, deixando de o ser para cuidar estes anos todos a tempo inteiro do seu marido. Hoje, sente-se revoltada, por todos este anos não ter tido o apoio do Estado e e ainda pelas leis deste país que a todos dificultam, neste caso, os deficientes Militares. Se assim, existem estas situações então se não houvesse a A.D.F.A. o que seria dos deficientes Militares? Mas, mesmo assim, não conseguimos através da esfera do Estado resolver todos os problemas.
Passo a transcrever algumas citações:
« Depois de uma vida de dedicação, integral, em sofrimento e alegrias, após o falecimento do amor da sua vida, Maria, sua mulher, esperava outro reconhecimento por parte do Estado Português a quem substituiu enquanto cuidadora permanente.»
«As mulheres dos deficientes militares não têm o reconhecimento que merecem, são descartadas, depois de anos e anos substituindo o Estado Português como cuidadoras informais dos seus maridos»
«Como muitos paraplégicos da guerra, este nosso sócio foi claramente prejudicado, pois não pode ingressar no ativo e ser promovido como era seu direito» Neste contexto, foi-lhe dito que os nossos quartéis não estavam preparados para receberem os deficientes militares, sendo-lhe negado o cumprimento da lei em vigor, que permitia que fosse promovido.» Só mais tarde, depois de algumas peripécias, Marcelo Caetano acabou por condecorá-lo e foi promovido por distinção a tenente e nada mais. Hoje, não pode usufruir da distinção por Serviços Excepcionais e Relevantes do seu marido que ela julgava ter. Desde 1999, a legislação portuguesa faz com que , para além da Pensão de Preço de Sangue, não possa usufruir de nenhuma outra relacionada com a situação do marido. Por isso, como viúva daquele a quem um dia chamaram para uma guerra injusta se sinta desprezada pelo nosso Estado durante o tempo que cuidou dele como agora depois do seu falecimento.
Espero que alguém (vamos ter eleições) olhe com olhos de ver para situações como esta que ainda existem! E para aqueles que ainda hoje nos olham (deficientes militares) com maus olhos, que não possam vir a passar por situações iguais a esta. Pois como se costuma dizer: "saberiam como elas lhe mordem". É por esta e por outras que eu volto a dizer:" A guerra Colonial ainda não acabou"! Muitos ainda continuam hoje a sofrer na pele os males que ela causou.
Muito mais havia para dizer mas............
Por hoje é tudo. Fiquem todos bem e uma boa semana para todos.
Um abraço
SANTA
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