Ainda bem. O sol está de volta. Por agora chega de chuva. Hoje está um lindo dia com o sol brilhando. É lindo ver a passarada cantando como lhe dando as boas vindas. O tempo é mesmo assim, dá-nos o mau e o bom só esperamos é que este maldito vírus se vá embora para poder gozar a parte boa em liberdade e realmente poder gozar o sol magnífico que temos pela frente.
Tendo acabado já algum tempo de ler o livro do nosso saudoso Carlos Silva (AS CORES QUE A VIDA TEM, 465 páginas) Faltava-me ler outro livro dele que tem por título "Os meus poemas P´ra Outras Músicas". Sendo assim, não me escusei de publicar no nosso blog mais um poema (deste novo livro) de sua autoria a que ele deu o nome: "AO MOURAL E AO GADO, AÇORDA E PRADO". Um poema que contém algumas palavras que são genuínas do Alentejo.
Vamos lá então:
Dizem que nasci moural
Como o sobreiro do chaparro
Forrei de pele o bornal
De cortiça fiz um tarro
O Zé moural encaminha
A vara para o montado
Vai atirando a pedrinha
Onde não chega o cajado
Pôs o lenço de manhã
Ao pescoço apertado
Um raminho de hortelã
À orelha pendurado
A lande de azinho
É mais doce do que a de sobro
Gostas de mim amorzinho
Eu de ti gosto o dobro
Quando a boleta acabou
Sem ofender o patrão
À alfeirada bradou
À porcos daquele ladrão!
Cantam cigarras no verão
D'inverno choram ribeiras
Não te dou meu coração
Com medo que o não queiras
Sempre assim fosse, quem dera
O gado de barriga cheia
A companheira que o espera
È dona açorda pra ceia
O cão obdece como um amo
Ao redil o povilhal
Assim faz todo ano
A vida de um moural
Não sou feliz sem amar
E de quem gosto não ver
Eu nunca me hei-de dar
Sem liberdade não ter
Faz da choupana seu monte
Usa samarra e safões
Arma o bardo de fronte
Pr'fugentar os ladrões
Do alentejo não abala
Nem que o levem forçado
Só uma vez fez a mala
Pra tropa foi obrigado
Vai cantando P'las herdades
Com rouxinóis aprendeu
Sei que de mim tem saudades
Mas não tantas como eu
Parte da vida vaqueiro
Outra parte fui pastor
Sou moural a tempo inteiro
Porque ao gado tenho amor
Se na planície me perder
Nela me hei-de encontrar
Não se me dava morrer
Se o céu assim me aguardar.
Assim termino por hoje, desejando a todos um bom resto de domingo e uma semana que se aproxima com muita saúde
Um abraço
SANTA
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