14 fevereiro 2021

O SOL ESTÁ DE VOLTA...

 Ainda bem. O sol está de volta. Por agora chega de chuva. Hoje está um lindo dia com o sol brilhando. É lindo ver a passarada cantando como lhe dando as boas vindas. O tempo é mesmo assim, dá-nos o mau e o bom só esperamos é que este maldito vírus se vá embora para poder gozar a parte boa em liberdade e realmente poder gozar o sol magnífico que temos pela frente.

Tendo acabado já algum tempo de  ler o livro do nosso saudoso Carlos Silva (AS CORES QUE A VIDA TEM, 465 páginas) Faltava-me ler outro livro dele que tem por título "Os meus poemas P´ra Outras Músicas". Sendo assim, não me escusei de publicar no nosso blog mais um poema (deste novo livro) de sua autoria a que ele deu o nome: "AO MOURAL E AO GADO, AÇORDA E PRADO". Um poema que contém algumas palavras que são genuínas do Alentejo.


Vamos lá então:


Dizem que nasci moural
Como o sobreiro do chaparro
Forrei de pele o bornal
De cortiça fiz um tarro

O Zé moural encaminha 
A vara para o montado
Vai atirando a pedrinha
Onde não chega o cajado

Pôs o lenço de manhã
Ao pescoço apertado
Um raminho de hortelã
À orelha pendurado

A lande de azinho
É mais doce do que a de sobro
Gostas de mim amorzinho
Eu de ti gosto o dobro

Quando a boleta acabou
Sem ofender o patrão
À alfeirada bradou
À porcos daquele ladrão!

Cantam cigarras no verão
D'inverno choram ribeiras
Não te dou meu coração
Com medo que o não queiras

Sempre assim fosse, quem dera
O gado de barriga cheia
A companheira que o espera
È dona açorda pra ceia

O cão obdece como um amo
Ao redil o povilhal
Assim faz todo ano
A vida de um moural

Não sou feliz sem amar
E de quem gosto não ver
Eu nunca me hei-de dar
Sem liberdade não ter

Faz da choupana seu monte
Usa samarra e safões
Arma o bardo de fronte
Pr'fugentar os ladrões

Do alentejo não abala
Nem que o levem forçado
Só uma vez fez a mala
Pra tropa foi obrigado

Vai cantando P'las herdades
Com rouxinóis aprendeu
Sei que de mim tem saudades
Mas não tantas como eu

Parte da vida vaqueiro
 Outra parte fui pastor
Sou moural a tempo inteiro
Porque ao gado tenho amor

Se na planície me perder
Nela me hei-de encontrar
Não se me dava morrer
Se o céu assim me aguardar.

Assim termino por hoje, desejando a todos um bom resto de domingo  e uma semana que se aproxima com muita saúde
 
Um abraço 
 SANTA








               

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