É assim mesmo. O tempo passa e para nós que andámos na Guerra Colonial as memórias estão sempre presentes. Já não voltamos a ter vinte anos! A idade em que nada nos metia medo pois a juventude que tínhamos assim o permitia. Agora, que estamos todos já no patamar dos sessenta e setenta anos, é que o nosso corpo começa a sentir-se mais com as mazelas que tem. Neste caso, aqueles que são deficientes são os que mais sofrem. Com a velhice que já nos ronda, as deficiências vão-se agravando. É neste contexto, que as memórias de guerra estão sempre presentes em nós. Muitos que até à pouco tempo andavam, já deixaram de andar e sair de casa já se torna complicado ou ainda estão acamados, outros os problemas neurológicos complicaram-se afectando as suas famílias e o seu bem estar no seu lar e ainda aqueles que nos vão deixando por problemas graves da sua deficiência. O tempo passa, mas para nós o fantasma da guerra persegue-nos até ao fim da vida. Para muitos não é fácil. E porquê? Porque todos dias olham para a sua deficiência e não sabem lidar com ela chegando ao ponto de se revoltar com eles mesmos. Hoje para quem é jovem talvez seja difícil compreender todas estas coisas, mas é verdade. É verdade porquê? Pois quando se vai ás escolas falar sobre a Guerra Colonial e se aborda estes assuntos, as perguntas são imensas e muito variadas. No fim, nota-se em alguns rostos uma certa tristeza por conhecerem o estado em que ficaram muitos de nós quando do regresso a casa. Quando às vezes conto o que se passou com um colega nosso que esteve cerca de quarenta anos acamado e que só mexia a cabeça, alguns ficam admirados perguntando: Como foi possível? Para a guerra tudo é possível mas para este nosso colega viver estes anos todos assim, foi a dedicação que lhe foi dada pela família e o amor como a sua doença foi tratada pela mesma.
E é assim. O tempo vai passando e ela, a maldita guerra, só nos deixa quando a nossa vida chegar ao fim. Muitos podem perguntar: mas porque não esquecem a guerra? Ela não pode ser esquecida, Não pode ser esquecida porque a nossa juventude ficou marcada por ela. E ainda, para que a juventude de agora, fique a saber por nós (já que o Estado não se interessa) tudo o que passámos bem como os nossos familiares e ainda, para que ela não fique de uma vez para sempre escondida e esquecida como tantos têm interesse em que isso aconteça. Que esta juventude de agora não passe pelos sacrifícios que nós passámos bem como as suas famílias. Que sejam capazes de fomentar a Paz o amor e não o ódio e a guerra.
Este texto, bem a propósito de uma conversa que teve um grupo de amigos (eu incluído) durante um almoço em que nós aproveitamos para relembrar alguns episódios que passámos na guerra e cimentar ainda mais a nossa amizade e não nos esquecermos um dos outros. Todos nós combatentes temos uma amizade ímpar!
Para todos com amizade um grande abraço.
SANTA
E é assim. O tempo vai passando e ela, a maldita guerra, só nos deixa quando a nossa vida chegar ao fim. Muitos podem perguntar: mas porque não esquecem a guerra? Ela não pode ser esquecida, Não pode ser esquecida porque a nossa juventude ficou marcada por ela. E ainda, para que a juventude de agora, fique a saber por nós (já que o Estado não se interessa) tudo o que passámos bem como os nossos familiares e ainda, para que ela não fique de uma vez para sempre escondida e esquecida como tantos têm interesse em que isso aconteça. Que esta juventude de agora não passe pelos sacrifícios que nós passámos bem como as suas famílias. Que sejam capazes de fomentar a Paz o amor e não o ódio e a guerra.
Este texto, bem a propósito de uma conversa que teve um grupo de amigos (eu incluído) durante um almoço em que nós aproveitamos para relembrar alguns episódios que passámos na guerra e cimentar ainda mais a nossa amizade e não nos esquecermos um dos outros. Todos nós combatentes temos uma amizade ímpar!
Para todos com amizade um grande abraço.
SANTA
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