Há dias atrás o Choné convidou-me para um copo num bar proximo de sua casa. E foi com a maior satisfação que lá nos encontramos. Após alguns desabafos relativamente à sua situação de pequeno empresário, pois o trabalho escasseia, fez-se agulha para as nossas aventuras africanas. E a memória dele é um espanto, viva, agitada, parecendo que foi ontem e não há 41 anos o que transmite com tanta segurança. Realmente são 2 ou 3 horas bem passadas.
Entregou-me estas fotos para colocar no "site" (como ele diz), ao mesmo tempo que ia contando as "memórias" de cada uma delas. Pede desculpas mas, actualmente, por causa da crise, a cabeça não anda a funcionar direito e daí não ter produzido mais "memórias". Mas fica a promessa o que já é bom!
Começo por esta foto que me deixou, nem sei bem explicar, talvez perplexo pelo que representa.
Entregou-me estas fotos para colocar no "site" (como ele diz), ao mesmo tempo que ia contando as "memórias" de cada uma delas. Pede desculpas mas, actualmente, por causa da crise, a cabeça não anda a funcionar direito e daí não ter produzido mais "memórias". Mas fica a promessa o que já é bom!
Começo por esta foto que me deixou, nem sei bem explicar, talvez perplexo pelo que representa.
"Estes mancebos vieram a falecer ao serviço da Pátria". Frase feita e inventada para manter o espirito patriótico bem elevado dos corajosos militares do império! São o Joaquim Rodrigues da Silva, conhecido por "Peniche" e o Joaquim Marcelino na ponte de Luatize a posar (este pela ultima vez) para a foto logo após a chegada a esta localidade na tarde de 23 Junho1969, vindo a falecer nessa noite após o ataque que sofremos ao aquartelamento, como é do conhecimento de todos. É, concerteza, um testemunho a lembrar os seus ultimos momentos de vida.
Ao olhar a foto a minha preplexidade obriga-me a fazer a eterna pergunta: Que mal fez este jovem para ser condenado a morrer tão estupidamente?
Infelizmente, as guerras não têm explicação. E, talvez, por isso, a pergunta jamais terá resposta.
O Peniche, infelizmente, só teve direito a viver pouco tempo mais. Faleceu a 30 Outubro, assim como o Avelino Corado, vitimas de mina activada pela viatura em que seguiam na picada de T.Valadim para Luatize.
E agora gozemos um intervalo de guerra.
Esta é a excelente equipa de futebol do 1º pelotão, julgo que a melhor da Briosa, apesar da falta de conhecimentos técnico/tácticos do seu treinador Meira.
Os craques em pé da esq. para a dir. são: Cobra d'Agua (g.r.) (gosto do nome tem estilo), Sintra (falta de comparência no ultimo encontro), Garcia, Silva, David "checa" e Marcos "checa". Em baixo: O malogrado Peniche, Mariano "Jerumelo", Choné, Calvino "1001" (para mim o maior) e Agostinho "bazucadas".
Conta o Choné que o "bazucadas", no regresso a Lisboa e quando o navio atracou em Luanda, esqueceu-se da hora e não voltou a embarcar. Como estava à "coca", assim que deu pela falta dele, muito aflito, foi ter com o Capitão: "Meu Capitão o "bazucadas" perdeu o navio".
Imaginou-se logo que tal situação tinha a ver com mais um desenfianço entre tantos que aconteciam. Mas não, simplesmente esqueceu-se da hora do embarque e, normalmente, os navios não esperam pelos atrazados.
E, qual o espanto da malta, quando finalmente o "Pátria" acostou ao cais em Lisboa, ao verem o desenfiado Agostinho "bazucadas" a acenar-lhes e a dar-lhes as boas vindas!
É que este, após grandes gozos africanos, acabou por chegar primeiro pois veio de avião! É caso para dizer: "ganda xico esperto"!!
E mais outro "saboroso" intervalo de guerra é este.
A meio da conversa quando lembrávamos as mariscadas, e não só, de António Enes o Choné vai ao bolso e saca desta foto. Simplesmente impressionante, fiquei sem palavras ao rever, passado tanto tempo, tamanho banquete. Foi no dia seguinte de manhã, após a chegada à capital do camarão, que os glutões à mesa (Paulo Antunes, Choné, Olhanense e este oriundo do Biafra) atacaram cerca de 8 kg daqueles bichinhos confecionados pelo Choné, matando a fome acumulada de tantos meses, não esquecendo as bazucas bem à mão e prontas para "disparar" incessantemente!
Mas, como todos se lembram, foi sol de pouca dura pois, passada uma semana, já ninguém ligava "peva" ao camarão. Só mesmo os cozinheiros, e vá-se lá saber porquê, continuavam a servir às refeições o banalissimo crustáceo com arroz ou esparguete!
Obrigado Avelino Torcato Pereira, continua a contar-nos "memórias".
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