Depois de uns dias de sol maravilhosos, acompanhados de noites frias, hoje o sol esteve menos quente e foi acompanhado de um vento gélido que quase nos arranca as orelhas...
São cinco da tarde. Vou preparar-me para acender a lareira e aconchegar-me no meu cadeirão. Passado algum tempo, já vejo as chamas lambendo as cavacas e a começar a sentir o calor. Estava eu já a ficar muito quentinho,(pareço o saudoso Raul Solnado) e a olhar para as chamas, vieram-me algumas memórias do passado. Lembrei-me da minha infância, dos tempos de estudante na antiga "Brotero" até que cheguei depressa à minha vida militar e porque eu gosto de reviver o passado, pois a mim faz-me bem, começava aqui como de um filme se tratasse, algumas vivências que passei na 2415 e a quando do seu «nascimento» em Cavalaria 7 na Calçada da Ajuda. Depois de ter saído de Estremoz onde tinha acabado de dar uma recruta, viajei então com destino a Cav7 onde encontrei outros companheiros outras caras outras amizades novos comportamentos, eram aqueles que iriam fazer parte da 2415. Ainda tenho na memória, aquela balbúrdia na caserna no primeiro dia e da noite mal dormida! Depressa tudo se normalizou. Para nós nesta altura, a Guerra era lá longe... A memória, foi até ao cabeço do Moinho (onde existia realmente um moinho) lembrar-me das célebres noites para estudar as estrelas e aprender orientação nocturna. A memória levou-me ainda à mata do Monsanto onde fazíamos a nossa guerra nocturna e aplicação militar. À Serra da Carregueira onde fomos fazer tiro e ainda à Fonte da Telha onde fizemos patrulhas, emboscadas e também tiro e aprender a lidar com o "trótil"que para quem não sabe era um explosivo que funcionava com um detonador. Foram os últimos exercícios antes do embarque. É pá... tenho que por lenha na lareira, senão! Depois disto, voltei ás memórias do passado e eis que elas me levam até ao 10 de Junho no Terreiro do Paço. Lembro-me perfeitamente a alta temperatura daquele dia e nós todos ali assistindo àquela fachada fascista. Que jovens que éramos. Tudo parecia uma fantasia e mal sabíamos o que nos estava reservado.
Continuando, a memória levava-me agora até ao embarque no "VERA CRUZ"e até àquele cenário que nos envolvia.. Leva-me também até Nacala onde desembarquei para apanhar o comboio até Catur com destino à guerra!!! Não. Isto não é a guerra do Raul Solnado. Foi mesmo verdade! O célebre comboio do Catur.
A parte mais triste que que a memória me trouxe, foi alguns dos meus companheiros. Quanto a vida por vezes nos engana! Maldita guerra que sem dó nem piedade tantas vidas ceifou. Porquê? Malta jovem com tantos dias pela frente para viver. A memória fez-me passar pela frente o Sargento Carvalhito o Furriel Santos e tantos outros que lá tombaram e também aqueles que chegados cá também nos deixaram. Como não podia deixar de ser, a memória lembrou-me também das brincadeiras que tivemos e de algumas partidas que pregamos. A lareira está se apagando. Acabou-se a lenha e as memórias do passado por agora. Não faz mal porque a mulher chama-me para jantar! Lá fora continua um frio de rachar e a chuva acaba de fazer a sua aparição! Ás cavacas é que eu não vou não!!!
Já agora não querem saber o que era o menu ? Foi umas postinhas de bacalhau assado na brasa com batata a murro. Que tal? Na televisão, política e mais política, greves e mais greves, corrupção mais corrupção, violência doméstica, abusos sexuais e assassínios. Bolas!!! Isto não são memórias do passado mas infelizmente é o presente. Mudo de canal. Vale mais ver o "ZIG ZAG"!
Acabei de jantar e fui até ao meu pequeno"bar" beber um café na companhia da minha mulher. Estava assim este cenário terminado e acreditem, que estava bem comigo mesmo!
" QUEM NÃO PRESERVA AS MEMÓRIAS DO PASSADO,
VIVERÁ EM UM ETERNO ESQUECIMENTO DA SUA
FUTURA HISTÓRIA"
Um grande abraço para todos e passem um óptimo fim de semana
SANTA
São cinco da tarde. Vou preparar-me para acender a lareira e aconchegar-me no meu cadeirão. Passado algum tempo, já vejo as chamas lambendo as cavacas e a começar a sentir o calor. Estava eu já a ficar muito quentinho,(pareço o saudoso Raul Solnado) e a olhar para as chamas, vieram-me algumas memórias do passado. Lembrei-me da minha infância, dos tempos de estudante na antiga "Brotero" até que cheguei depressa à minha vida militar e porque eu gosto de reviver o passado, pois a mim faz-me bem, começava aqui como de um filme se tratasse, algumas vivências que passei na 2415 e a quando do seu «nascimento» em Cavalaria 7 na Calçada da Ajuda. Depois de ter saído de Estremoz onde tinha acabado de dar uma recruta, viajei então com destino a Cav7 onde encontrei outros companheiros outras caras outras amizades novos comportamentos, eram aqueles que iriam fazer parte da 2415. Ainda tenho na memória, aquela balbúrdia na caserna no primeiro dia e da noite mal dormida! Depressa tudo se normalizou. Para nós nesta altura, a Guerra era lá longe... A memória, foi até ao cabeço do Moinho (onde existia realmente um moinho) lembrar-me das célebres noites para estudar as estrelas e aprender orientação nocturna. A memória levou-me ainda à mata do Monsanto onde fazíamos a nossa guerra nocturna e aplicação militar. À Serra da Carregueira onde fomos fazer tiro e ainda à Fonte da Telha onde fizemos patrulhas, emboscadas e também tiro e aprender a lidar com o "trótil"que para quem não sabe era um explosivo que funcionava com um detonador. Foram os últimos exercícios antes do embarque. É pá... tenho que por lenha na lareira, senão! Depois disto, voltei ás memórias do passado e eis que elas me levam até ao 10 de Junho no Terreiro do Paço. Lembro-me perfeitamente a alta temperatura daquele dia e nós todos ali assistindo àquela fachada fascista. Que jovens que éramos. Tudo parecia uma fantasia e mal sabíamos o que nos estava reservado.
Continuando, a memória levava-me agora até ao embarque no "VERA CRUZ"e até àquele cenário que nos envolvia.. Leva-me também até Nacala onde desembarquei para apanhar o comboio até Catur com destino à guerra!!! Não. Isto não é a guerra do Raul Solnado. Foi mesmo verdade! O célebre comboio do Catur.
A parte mais triste que que a memória me trouxe, foi alguns dos meus companheiros. Quanto a vida por vezes nos engana! Maldita guerra que sem dó nem piedade tantas vidas ceifou. Porquê? Malta jovem com tantos dias pela frente para viver. A memória fez-me passar pela frente o Sargento Carvalhito o Furriel Santos e tantos outros que lá tombaram e também aqueles que chegados cá também nos deixaram. Como não podia deixar de ser, a memória lembrou-me também das brincadeiras que tivemos e de algumas partidas que pregamos. A lareira está se apagando. Acabou-se a lenha e as memórias do passado por agora. Não faz mal porque a mulher chama-me para jantar! Lá fora continua um frio de rachar e a chuva acaba de fazer a sua aparição! Ás cavacas é que eu não vou não!!!
Já agora não querem saber o que era o menu ? Foi umas postinhas de bacalhau assado na brasa com batata a murro. Que tal? Na televisão, política e mais política, greves e mais greves, corrupção mais corrupção, violência doméstica, abusos sexuais e assassínios. Bolas!!! Isto não são memórias do passado mas infelizmente é o presente. Mudo de canal. Vale mais ver o "ZIG ZAG"!
Acabei de jantar e fui até ao meu pequeno"bar" beber um café na companhia da minha mulher. Estava assim este cenário terminado e acreditem, que estava bem comigo mesmo!
" QUEM NÃO PRESERVA AS MEMÓRIAS DO PASSADO,
VIVERÁ EM UM ETERNO ESQUECIMENTO DA SUA
FUTURA HISTÓRIA"
Sílvio César de Oliveira
Um grande abraço para todos e passem um óptimo fim de semana
SANTA
Acredita que gostei, foi o que se pode pode chamar uma noite abençoada com excelente serão. Estás um romancista de mão cheia, continua amigo. Até um dia destes na Bairrada, Abr.
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