O nosso amigo Moreira é do género antes quebrar que torcer e, talvez por isso, sentiu agora necessidade de denunciar ao mundo o drama duma vida que tem carregado como se tratasse dum pesado fardo. Vai daí, conversou comigo para aqui no blog da 2415 poder descarregar um pouco desse infortúnio que tantos incómodos, físicos e psicológicos, lhe têm causado desde o fatídico dia do rebentamento da mina, a 30 de Outubro de 1969, numa coluna de Tenente Valadim para Luatize, da qual fazia parte.
Esta data é demasiado trágica para a Companhia, pois além dos graves ferimentos no Moreira, ainda pior foram as mortes do "Peniche" e do Corado e ainda de um outro militar do Batalhão.
Mas, em traços gerais, aqui se faz um pouco da história:
Foi evacuado para Nampula mas devido à gravidade dos ferimentos logo entenderam enviá-lo para Lourenço Marques onde deu entrada no hospital civil na área reservada aos militares.
Ao chegar já vinha debaixo do efeito das drogas para atenuar a intensidade das dores e ao ser observado pelos médicos ainda se lembra de os ouvir falar, dizendo um que as hipóteses de sobrevivência eram muito poucas e que o melhor seria evacuá-lo para o Hospital Militar em Lisboa.
Ali deu entrada 2 meses depois, em Janeiro de 1970 onde permaneceu ininterruptamente durante 2 anos e, em seu entender, foi devido à grande qualidade e competência dos Serviços, principalmente dos médicos e enfermeiros que lhe dispensaram todos os cuidados e tratamentos necessários que, afinal, acabou por sobreviver.
Teve de se sujeitar a tratamentos de enorme sofrimento e a várias intervenções cirúrgicas, que não deseja nem ao seu pior inimigo mas, como costuma dizer, acabou por ser a sua fé em Deus que o ajudou a vencer aquela dura batalha.
Agora que são passados 45 anos faz questão de se mostrar com todas as mazelas que lhe ficaram agarradas ao corpo para sempre e quer deixar uma pergunta no ar que gostaria que fosse respondida: AFINAL DE QUEM FOI A CULPA?
Felizmente, que o Moreira acabou por sobreviver. É um grande amigo com H grande.
(Moreira à época em Chala)
(E agora 45 anos depois)
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