Estes apontamentos do Paulo Antunes, nosso reporter de guerra "in loco", demonstram uma realidade cruel da guerra que vivemos.
Julgo que, sem se aperceber de tamanha crueldade ia escrevendo, no aconchego da caserna, as folhas do caderno que, passados tantos anos, ainda nos fazem pasmar de incredulidade. Essa indiferença permitia-lhe juntar na mesma folha tanto o material de guerra capturado ao IN como os nossos mortos e feridos. Acredito que só a ingenuidade lhe permitia uma mistura algo tétrica dos tais troféus de guerra com os nomes dos companheiros que ficavam sem a própria vida e que, na época, conveniente e orgulhosamente, se dizia: "Em nome da Pátria". Conveniências politicas, podemos lhe chamar.
Não me vou alongar, pois o protagonismo é do companheiro Paulo Antunes com os seus extraordinários apontamentos escritos que ainda hoje perduram nas nossas memórias para, assim, mantermos o direito de continuar a denunciar este hediondo crime de guerra, mais conhecida por "Guerra Ultramarina" que, precocemente, tirou as vidas a muitos milhares de jovens.
Esta é a verdadeira "História da Unidade" da nossa Companhia. Nestas 2 páginas está toda a nossa tragédia, na frieza da realidade vivida. Ao lê-las pela primeira vez senti um inexplicável calafrio a percorrer-me o corpo.
ResponderEliminarNão sei porquê, estas inesperadas relíquias figuraram-se-me quais manuscritos do Mar Morto em relação à Escritura Sagrada, de certa maneira a autenticar as memórias dos nossos mártires que aqui vamos celebrando na liturgia da saudade.
Um abraço ao Paulo Antunes, por nos ter facultado o seu caderno. E um agradecimento ao Castro, esperando que continue a expor-nos estes tesouros!