Por: F.Santa
CAPITÃO SALGUEIRO MAIA
Mais uma data que fica para a nossa história. O 25 de Abril de 1974. Acabava neste dia a ditadura e era restituída a liberdade. Bem hajam todos aqueles que para isso contribuíram, de certo que toda juventude do após 25 de Abril muito teve a ganhar com esta revolução. Pois para eles a guerra tinha acabado. Talvez muitos não saibam, mas a guerra não acabou no dia 25 de Abril de 74, só acabou verdadeiramente em 1975, durou mais ou menos um ano em que ainda morreram cerca de mil camaradas nossos, pois só quando a entrega das províncias foi efectuada de comum acordo entre as partes, tudo acabou. Escrevo tudo isto, para destacar aqui um grande capitão de Abril: SALGUEIRO MAIA. Salgueiro Maia, foi para mim o herói final da concretização do 25 de Abril a seguir àqueles que o planearam, foi um dos homens mais importantes de Abril e tão poucas vezes lembrado.
Hoje ao falar dele, presto-lhe aqui uma singela homenagem por tudo o que ele fez naquele dia e como homem que foi. Estive com ele na E.P.C em Santarém em 1966, era ele Aspirante a Alferes e eu instruendo a Cabo Miliciano. Embora a instrução não fosse bem a mesma, o que é certo é que falámos muitas vezes,
dando para ver (embora patentes diferentes) que ele era um camarada amigo não olhando à distinção.
Estávamos quase no fim da especialização, quando fomos todos juntos para a Serra dos Candeeiros fazer fogo nocturno, onde estivemos algum tempo. No fim, eram as provas de patrulha desde esta Serra até Santarém, cerca de 30 e tal quilómetros, toda ela feita de noite.
Éramos todos iguais em competição. Mas o melhor estava para vir. Quando amanheceu, já todos tínhamos chegado, e surpresa das surpresas, foi a minha patrulha que ganhou com o meu colega Aires (de Coimbra) sempre a puxar por nós, pois ele era atleta na vida civil.
Parece que ainda estou a ver o Salgueiro Maia, não estava zangado, mas triste por ter sido vencido por aqueles que (teoricamente deveriam ser mais fracos) e que iriam ser
Cabos Milicianos, mas tudo sempre numa boa trocando algumas palavras connosco de felicitação, comemoradas pouco depois no bar. Depois? Depois cada um foi para o seu lado e só no 25 de ABRIL o voltei a ver na televisão. Que esteja em paz.
Esta é a medalha daquele dia que ainda hoje guardo com carinho.
Esta é mais uma história tirada do baú das recordações, mas não precisava, pois são das histórias que nunca esquecem. Já agora, estava também com ele (se não me engano no nome) o José M. Casqueiro que não deixava de ser um bom companheiro. Se me lembro, julgo que também já faleceu.
Estamos na recta final das inscrições para o nosso convívio. Liguem!
Por hoje é tudo. Um abraço para todos em geral, do Santa.
Caro Santa, parabéns por esta evocação, tão oportuna e ao mesmo tempo tão humana! Eu também passei pela EPC (leia-se Escola Prática de Cavalaria) , entre Julho e Setembro de 1967, na especialidade, no C.O.M.
ResponderEliminarO saudoso Salgueiro Maia (que frequentava a Academia Militar), em 1966, estava em Santarém a fazer o chamado "tirocínio", que eu comparo (será que posso? ) ao "estágio curricular" das licenciaturas civis...
Não sei se por azar ou por sorte, não fiz a tal "patrulha dos Candeeiros" por ter sofrido na instrução uma fractura do perónio, que me valeu umas "férias" no Hospital da Estrela (anexo de Campolide). Esteve por um fio o ter de repetir a especialidade... Valeu-me a compreensão do Comandante da Instrução (cujo nome não recordo) que me permitiu fazer todos os testes teóricos a que tinha faltado. Como me desenrasquei neles com boa nota, lá me deram as "bichas" de aspirante sem fazer essa Patrulha... Creio que quem mas colocou (em parada solene) foi o célebre (e temido...) PC (major Pereira Coutinho)