Por: F. Santa
Depois da curta viagem de Cavalaria 7 para o cais da Rocha, iniciava-se aqui (fotos) uma outra e grande viagem: Lisboa - Nacala. Nesta altura, só tínhamos o oceano como pano de fundo. Começavam-se aqui a revelar as nossas incertezas quanto ao nosso futuro!
Mais um poema do nosso camarada Capitão CALVINHO:
Que luxoViajar num camarote de primeira!Que chiquejantar, num salão de primeira,manjares de primeira!Que pintater conjunto privativocom piano, violino e tudo!Que relaxanteter um bar flutuanteonde, em fofos sofáse com ar condicionado,via jogar ao king, ao bridgee ao poker!Que finopassar tardes tropicaisem privativa piscinatomando banhos de mar cativo!..…Não longeno mesmo barco:Que merdamais de dois mil soldadosescravos novos enjauladose com grilhetas na alma!Que tédio centenas de homens suadosdormitam nos porõesao som da cançãometálica das máquinas!Que vida insuportávelaquela vida de ratoque não leveimas sentia!...Ali:jogava-se a vermelhinha,a sueca, o chincalhãoa bisca lambida;a bisca de nove era só para aquelesque tinham a 4ª classe.De vez em quandoa lerpa originava cenas de porrada:e lá ia o oficial ao barcoarmado em Vasco da Gamameter-se na vida e costumes do Povo!
Um abraço para todos do SANTA.
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Não sendo especialmente apreciador de poesia, tenho de reconhecer que esta do Cap. Calvinho é magistral. Parece um documentário.
ResponderEliminarBem hajas, Santa, por no-la teres oferecido!
Obg. Soares, fui atrás do seu comentário e dei conta deste poema de enorme crueza e realismo intitulado NOTAS DE VIAGEM. Passados tantos anos ainda me incomoda reconhecer que a indiferença e a desigualdade imperavam. Não foi à toa que surgiu a frase "carne pra canhão"!
ResponderEliminarAinda bem que fomos a ultima geração da guerra para sossego dos nossos filhos!