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25 fevereiro 2018

EM 23 DE JULHO DE 1968 COMEÇAVA ASSIM...


Em 23 de Julho de 1968, começava assim. Era a partida para a Guerra do Ultramar. Ao comemorarmos os cinquenta anos da nossa partida, vamos repor de uma forma mais contínua, isto é: com mais tempo de exposição visual o filme que foi feito pelo nosso Alferes Magalhães. Claro. A imagem não é a melhor mas atendendo ao tipo de máquina na altura, foi o que se pode arranjar. Ora então aqui vai. Vamos então recordar!

PARTE 1



PARTE 2


Para a próxima vai o resto!

Com um grande abraço e um resto de um ótimo domingo para todos me despeço.

SANTA


20 fevereiro 2018

ESTAMOS QUASE...!

Pois é. Estamos quase a fazer 50 anos que partimos do Cais da rocha Conde D'Óbidos . Com certeza que ainda nos lembramos todos do dia 23 de Julho de 1968. Na memória parece que foi ontem mas no tempo assim não é. São os tais 50 anos desde o dia da partida até hoje. Todos nós nos lembramos da formação da C. Cav.  2415 em Cavalaria 7. Quando de noite íamos ver as estrelas e ainda da famosa aplicação militar na mata de Monsanto. Já para não falar na semana de campo na Fonte da Telha! Aqui, quem também não se lembra das patrulhas que lá fizemos, das emboscadas e do treino de tiro que fizemos na praia com rebentamentos de "trotil". Tudo isto fizemos como fosse uma brincadeira de crianças! Julgo que nesta altura no nosso pensamento a guerra ainda estava um pouco distante. Quem não se lembra também do célebre 10 de Junho no Terreiro do Paço sob um sol abrasador? Depois, foram mais uns dias e então sim: a guerra começou a entrar mais no nosso pensamento e a angústia da despedida começava a corroer no nosso dia a dia. Eramos jovens, com o "sangue na guelra" como se costuma dizer. Mas esta situação, claro que não matava mas amolentava! Chegava o dia. Aquela multidão humana no cais,  com lenços acenar, com certeza ainda ninguém se esqueceu daquele cenário sinistro. Depois, foi o afastar do cais e os lenços brancos, quais "gaivotas brancas"saiam da nossa visão para dar lugar ás águas profundas do Oceano. Era nesta altura que começava  a viagem rumo a Moçambique para um terreno de guerra desconhecido para nós. O resultado da epopeia da 2415, já todos sabem: tivemos mortos e feridos e o resto com mazelas até aos dias de hoje.

É por tudo isto companheiros, que temos que estar presentes no próximo dia 5 de Maio no nosso almoço convívio de comemoração dos 50 anos da nossa partida. Posso ser considerado "chato"de estar a bater sempre na mesma "tecla", isto é: de vos estar á aborrecer para que estejam presentes. Mas isto deve-se á minha maneira de ser de gostar de cultivar amizades, e neste caso, estas amizades é com todos vós. Não foi uma viagem qualquer, foi uma viagem para uma guerra que nos era imposta e sem saber se havia volta  e de que maneira ela se ía efetuar e em que estado. Por isso companheiros, apelo mais uma vez á boa vontade de todos os que possam, dizerem: PRESENTE. Serve este dia também, para nos lembrar-mos dos nossos companheiros que nos deixaram e que ficaram na nossa saudade. O que nos resta agora, com a idade que temos, é saber viver estes momentos da nossa vida com aqueles que andaram com cada um de nós por aquelas picadas e por aqueles trilhos em patrulhas. Brevemente, vão seguir as cartas com os convites. Peço também, para quem tiver fotos que traga.

                                                                                                                                                               

O VALOR DA AMIZADE...
O VALOR DA AMIZADE/NINGUÉM O PODE QUANTIFICAR/ISSO ERA TER A VELEIDADE/DE AS ESTRELAS DO CÉU PODER CONTAR
              Carlos Silva

           Para todos, me despeço com um grande abraço, com a esperança que a malta da 2415
           em força, diga: SANTA, VOU ESTAR AÍ.


                                                                  SANTA

13 fevereiro 2018

A GUERRA AINDA INCOMODA...

Pois é. A guerra do ultramar parece que ainda é, uma espinha entalada na garganta de muitos. Fico com a impressão, que nós deficientes ou não, que andamos lá, fomos porque quisemos! Depois de tantos anos, é incompreensível  como ainda há pessoas que têm mau olhar para nós. Como é que certas pessoas de agora, que já não vêem os seus filhos e os seu netos irem para a guerra, têm esta maneira de pensar perante quem morreu nela ou dela veio deficiente? Isto tudo por mais uma situação que se passou comigo. A delegação de Coimbra da A.D.F.A., tem dois lugares de estacionamento para quem vai tratar de assuntos referentes á sua deficiência. Pois é raro o dia que não estejam ocupados por quem não tem direito, e em alguns casos o dia todo. Mas, é bom dizer, que a mesma falta de respeito se passa para os lugares para deficientes assinalados com a respetiva "cadeira de rodas". Ora chegando eu para estacionar num dos nosso lugares, qual não é o meu espanto que ao fazer marcha atrás, vejo um senhor a tentar estacionar primeiro que eu. Mas como eu continuava a fazer a respetiva marcha atrás, o senhor buzinou diversas vezes até ao ponto que nem eu nem ele podia estacionar. Calmamente, abri a porta e perguntei o que se passava. Respondeu ele: Não vê que quero estacionar... Respondi eu: Eu é que quero estacionar! Eu até julgava que ele fosse deficiente mas não era. Então, apontei para a placa, o que ele respondeu imediatamente, que a mesma não lhe dizia nada... Amavelmente, expliquei-lhe que aqueles 2 lugares eram destinados aos D.F.Armadas que necessitavam de ir á sua Delegação. Pois é. O Sr. todo irritado, disse para li tanta baboseira sobre os deficientes da guerra do Ultramar que eu nem tenho coragem de os transcrever aqui. Alguns, bastante ofensivos. Claro que ameacei com a polícia e a muito custo se foi embora a falar sozinho! Mas este não é caso único aqui neste estacionamento como também há situações com outras entidades. É pena que neste país, os deficientes das forças armadas sejam mal vistos, tendo muitas vezes atentado contra eles falta de respeito. Mas atenção, aqui entra também a mesma falta de respeito para com o deficiente civil. Aqui na nossa zona, é raro o estacionamento para deficientes, não estar ocupado por quem não tem direito. Aqui eu pergunto: Ora se a quem não tem direito a ocupar os lugares para deficientes, além da multa, são tirados pontos na carta de condução, porque não se faz cumprir? E se o deficiente estiver estacionado ao lado e não pôs a respectiva moedinha na "maquineta"? Como se diz em português:" chupa que é cana doce"! É multado! É por isso que eu digo: leishá muitas, fazê-las cumprir... é o diabo!
Sendo assim, vamos lá todos termos um pouco de civismo por quem é deficiente, ou militar ou civil, porque ao pensarmos que só aconteceu aos outros para quem olhamos com desdém, o mesmo não nos pode bater á porta mais depressa do que se julga. Aqui, vira-se o "feitiço contra o feiticeiro". Depois quero ver.
Estava agora aqui a lembrar-me de uma outra situação passada com um colega meu. Esta parece uma anedota, mas não é. Estava ele a chegar a um parque de estacionamento na zona da Portagem em Coimbra ( ele é amputado da perna esquerda e com problemas na esquerda), com a esposa para ir á Casa de Saúde, ao dirigir-se para o estacionamento para deficientes, estava a estacionar um casal a quem ele perguntou amavelmente se era deficiente. Ele disse que não. Então o meu colega disse: Eu sou deficiente de guerra, não tenho uma perna, tenho o direito de estacionar ai e  o senhor não. Agora não se riam por favor! Sabem qual a resposta do senhor? Ninguém o mandou ir pra guerra. Olhe, vou beber um café ali e espere que eu já volto! Palavras para quê?

Já somos poucos, mas ainda incomodamos  muita gente. "Temos pena"


   Por aqui me fico hoje, para não falar também na vergonha que se passa no estacionamento  nas grandes superfícies pois também ninguém respeita. Não vou dizer mais nada pois posso dizer mais alguma coisa que se pareça comigo...

Já agora, para quem gosta, um bom dia de carnaval!

             Um abraço com amizade para todos.
                              
                                        SANTA


07 fevereiro 2018

Cartas da Guerra


Fiquei de alma cheia como se costuma dizer! Sei que muitos não ligam "peva" ao assunto, ou fazem que não ligam, outros evitam recordar, falar ou debater o passado, invocando não terem paciência mental e emocional que a idade lhes foi tirando. Só tenho é de respeitar mas ainda bem que não perfilho nenhuma dessas teorias. E, acho eu, também, que a maioria está do lado contrário, daqueles a quem o passado não incomoda, e ainda bem que assim é.
Isto a propósito do filme "Cartas da Guerra" que a RTP passou ao serão num destes últimos fins de semana. E, como digo, encheu-me a alma de emoções, pois aquelas cenas ficcionadas e passadas com outros militares, posso dizer, com toda a propriedade, que a CCav.2415 também lá cabia inteirinha.
As cartas e os aerogramas carregados de juras de amor eterno que voavam semanalmente dum lado para o outro e, após chegados à metrópole, logo eram atados com fitinhas cor-de-rosa.
Quem as não tem? Ou nunca as teve? Acho que ninguém, só que hoje estão cheios de pó e amarelecidos dentro de um qualquer baú ou sótão ou até já destruídos, quem sabe?!
Este filme entrou no circuito no verão de 2016 e nunca tive oportunidade de o ver, felizmente, agora, entrou-me casa adentro. É baseado em escritos (cartas) que o famoso António Lobo Antunes, na altura alferes-médico num batalhão em Angola, escrevia à sua jovem esposa deixada em Lisboa.
Para os que já viram ou ainda irão ver deixo aqui, entre as muitas cenas "gagas" do filme, aquela do major a perguntar ao "impedido" quando é que o rancho ia mudar para qualquer coisa mais comestível, pois estava farto de lhe servirem ao almoço e ao jantar sempre a mesma coisa: arroz com salsichas ou atum com arroz, e já não aguentava mais!
Fiquei muito admirado pois não sabia que os majores, mesmo dentro dos batalhões no "mato", estavam sujeitos àqueles suplícios. Será? Tenho sérias duvidas!
Enfim, afinal o que importa, seja um filme ou um livro a conclusão é sempre a mesma, vale bem a pena conseguir algum tempo para olhar o passado.
 

06 fevereiro 2018

À BEIRA DO MAR...

À BEIRA DO MAR é mais um poema de Carlos Silva...
  
À beira do mar
Num silêncio profundo
Como quem quer afogar
As mágoas todas deste mundo

Ao longe uma voz
Cantando dizia
O que seria de nós
Se a noite cobrisse o dia

A ausência forçada
São penas d'uma ilusão
É como a espada afiada
Atravessando o coração

À vida punha fim
Se visse aí solução
Desejava mal a mim
De DEus não tinha perdão

As estrelas juntinhas
Como peixes em cardume
Não descobrem mesinhas
Que me matem o ciúme

Se eu pudesse esquecê-la
Como esqueço a má acção
Não chorava só de vê-la
junto a ele de mão na mão

De ternura e de amor
Fiz a mais bela pintura
Aos seus olhos fui à cor
À sua boca formosura

Se não fosse o mau perder
Meu orgulho enterrava
Não se me dava morrer
Sabendo que ela me chorava

                                                CARLOS SILVA



A gripe voltou
P'ra cama vou voltar
A outra já passou
Esta tenho de aguentar

Ela de mim não toma posse
Chega de nariz entupido
E de noite tanta tosse
Ela não brinca omigo
                                               
É que é mesmo assim
A gripe não me quer deixar
Mas ai dela e não de mim
Tenha ela a certeza que a vou despachar!


          Não tenho mesmo jeito para a poesia...! Até breve com um grande abraço.

                                                       SANTA

01 fevereiro 2018

DE CARLOS SILVA...

De Carlos Silva, "ENTRE A VIDA E A MORTE"

Entre a vida e a morte
Vai uma curta distância
Não há foice que corte
Recordações de infância

Quando se é pequenino
Tudo é felicidade
Mais meigo, mais traquino
Tudo se faz sem maldade

O homem só não é perfeito
Porque a mentira ele inventou
À condenação ficou sujeito
E dela nunca mais se livrou

É tão perto da morte á vida
E tão longe da terra ao céu
Que a sentença seja comedida
De clemência precisa o réu

Isto é apenas um retrato
De passos dados vida além
Pois cada um veste o fato
Á medida do corpo que tem

As coisas aqui retratadas
São comuns a toda a gente
Tornam-se águas passadas
Se o coração não as sente

As escolas e os mestres
Que ninguém os menospreze
Desde os tempos rupestres
Que o homem o saber lá bebe

Quem universidades não frequentou
E nunca passou pelas prisões
Contenta-se com oque a vida lhe ensinou
Não é por isso que não é digno de Camões

Entre a vida e a morte
Há um caudal a transbordar
Ou é do destino ou da sorte
Ou das margens que o vão apertar

O coração sente e cala
Com a alma é solidário
A língua lhe dá fala
Aos ombros cruz ao calvário

Não dei p'lo tempo passar
Ai de mim que o desperdicei
 Contas dele hei-de dar
E eu que nisso nunca pensei

A vida é água da bica a correr
É pena leve que com o vento voa
A vida é nuvem a passar sem se ver
É badalada do sino que ao longe soa 

"Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós"

                                             Do nosso camarada e amigo, CARLOS SILVA.

   Para todos com um abraço.
                                                           SANTA