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24 junho 2015

HOMENAGEM DE SAUDADE

O tempo, com a sua pressa em passar, não consegue apagar a saudade daqueles que ao meu lado estiveram na guerra. Os vivos, e em especial aqueles que faleceram. Ter memória curta é uma expressão que costuma usar-se quando determinados acontecimentos vão caindo no esquecimento. A solidariedade, ser companheiro, ter amizade e amigos, fazem parte das pedras fundamentais de um ser humano que se prese. A guerra ensinou-me isso. Ela foi traumatizante e de que maneira, mas ensinou-nos ao mesmo tempo sermos solidários e não esquecer aqueles que ao longo dos meses foram companheiros na vida e na morte. 
À muito tempo que procurava onde o nosso camarada SANTOS estava sepultado. Não conseguia. Graças ao nosso capitão AMADO que neste último almoço de aniversário da 2415 me deu algumas dicas, e  finalmente consegui! Não está no Entroncamento como erradamente está na lista militar, mas sim no cemitério de Alhandra. Hoje, dia 24, pus-me a caminho. Era o início de uma viagem rumo á saudade e homenagear em nome da 2415 com um simples ramo de flores aquele que foi nosso colega, e que eu estou muito directamente ligado a ele por motivos já contados no nosso blog. Era bom que o pudesse fazer a outros. Vamos ver...
É sempre bom lembrar a certas pessoas que por vezes se fazem esquecidas daqueles anos que foram inglórios, em que se combatia por uma causa perdida, em que muitos eram considerados «heróis» e se esqueciam dos outros heróis que combatiam no mesmo campo de batalha dos quais perderam a vida.
Para ti camarada Santos, que foste apanhado e perdeste a vida  numa guerra injusta, para ti camarada Carvalhito (que o Soares também já visitou) que com ele foste também apanhado na mesma emboscada, a nossa sentida homenagem, bem como para todos os outros nossos companheiros da 2415 que na mesma guerra pareceram.Era E caros amigos. Não podemos também esquecer todos os outros que embora não sendo da nossa companhia (2415) foram todos colegas do mesmo barco que tinha por nome: A guerra. Que todos descansem em Paz. Enquanto houver um camarada vosso, nunca serão esquecidos. Já basta aqueles que por lá ficaram ao abandono.

 Seguem as fotos que tirei para a sua memória ser perpetuada.









Para todos com amizade: SANTA.








22 junho 2015

POESIA...


Tirado do livro do nosso camarada Carmo Vicente, aqui vai um poema interessante:

       CABOCHANQUE

...Por cada galão a menos
naquela estupida guerra
um homem ia descendo
                                   até ficar rente à terra...

Era aí o rés-do-chão
 o lugar do comando
  três graus abaixo de cão
   era o valor do soldado
                                     um sargento valia
                                     um pouco mais do que cabo
                                     um alferes mais um bocado
                                     mas menos que capitão

                                                      Para majores e coronéis...
                                                      Era alta a cotação...

                 ****************************************************

De Sá Flores...

      A MINHA BENGALA

Bengala,
bengala minha.
Tu és a minha companhia,
o meu olhar...
Tu és cega também.
Nós compreendemo-nos
damo-nos bem.
Que bom seria
que os outros
nos vissem
como nós nos vemos.

   Espero que até aqui, tenham gostado! O  SANTA manda mais um abraço para todos.


                                             

                                                       

21 junho 2015

MOPEIA 21 DE JUNHO DE 1969

O desastre de Mopeia, como é conhecido, foi o maior desastre de todas as frentes da guerra do Ultramar. Nele, pareceram 101 companheiros de guerra ao atravessar o rio Zambeze num batelão o qual se virou, jogando-os para as águas enfestadas de jacarés. Se já era mau morrer em combate, pior foi, morrer nas circunstâncias em que eles morreram. Muitos, nunca mais foram encontrados, os outros, que apareceram, ficaram sepultados num cemitério militar em Mopeia. Ainda hoje, é doloroso para as famílias. Até hoje ainda não puderam fazer o seu luto completo.

 Da nossa companhia (2415), morreram dois camaradas nossos:

                                     DANIEL VIEIRA VICTORINO
                                                  E
                       JOSÉ FERREIRA DE OLIVEIRA

 A notícia era dada assim pelo DIÁRIO DE LISBOA:





Hoje, 21 de Junho de 2015, faz 46 anos sobre este triste acontecimento. A Companhia de Cavalaria 2415, não podia deixar passar em claro, sem prestar esta pequena homenagem, não só aos nossos dois camaradas, mas também a todos os outros camaradas que pareceram neste desastre. Para todos eles, vai a nossa eterna saudade, bem como, para todos os seus familiares. Vocês, nunca serão esquecidos por nós. Agora pelo Estado Português ...

                                                     DESCANSEM EM PAZ





                                              Um grande abraço para todos, do SANTA

 

19 junho 2015

MAIS UMA VEZ RELEMBRANDO...

Por vezes, o sentimento e a nostalgia da guerra, trás-nos ao pensamento coisas passadas. Não só as más, mas também as boas.
Já algum tempo atrás, falei sobre as madrinhas de guerra e, principalmente sobre a minha madrinha de guerra. Talvez na altura não tivesse completado bem a história e é o que vou fazer agora.
A foto que abaixo se segue, e que eu encontrei á poucos dias atrás, mostra aquela que foi a minha madrinha de guerra (á esquerda) e as suas irmãs. A Dores, (assim se chamava a minha madrinha), já não se encontra entre nós. A do meio, Ana Maria e a outra a Milita, ainda agora se dão comigo como família. Ainda hoje nos tratamos por manos. A elas, também nunca as poderei esquecer pelo bem que me fizeram. Isto é: pela amizade e palavras de conforto nos meus piores momentos. Para elas um bem haja. Nunca é de mais enaltecer o papel preponderante que algumas madrinhas de guerra tiveram enquanto estivemos na guerra. Sei de casos extraordinários como: evitar suicídios de camaradas nossos no desespero da vida, e também de camaradas nossos que casaram com algumas madrinhas de guerra e têm sido felizes até aos dias de hoje. Estas histórias, pertencem ao lado bom de tudo aquilo que passamos. 






Esta foto, não tenho a certeza se já a publiquei ou não. Como não tenho a certeza, ela aqui vai.
Foi a minha noite antes de embarcar no dia seguinte para Moçambique!


 Com um abraço, termino por hoje.

SANTA


17 junho 2015

RELEMBRANDO...

Graças aos nossos camaradas da Força Aérea Portuguesa (a quem tanto devemos) aqui vão algumas aeronaves que participaram na guerra do Ultramar:



ALOUETT2 (pouco conhecido)


NORDATLAS

                                                 

ALOUETT 3a  (ESTE DISPENSA COMENTÁRIOS)


AUSTER 


BOEING 707

  
                                                                     BROUSSARD




DC 4


DC6


DACOTA


DO27


F84G


FIATG91

HARPOOU


HARVAR

Desde já, um grande obrigado a todos aqueles que contribuíram ao longo do tempo com fotos como estas que não deixam cair no esquecimento a guerra do Ultramar. Para todos um bem haja.

Um grande abraço para todos. SANTA.

14 junho 2015

POESIA...

 DE SÁ FLORES
                       
                                 O USO DAS PALAVRAS


       O quê?
Não podes ouvir dizer:
cego.
Mas porquê?
Ah! Ficas doente.
Mas isso
é apenas uma palavra
e as palavras
contam só como palavras.
Ora escuta:
Pa-ra-lí-ti-co
ce-gui-nho
a- lei-ja-di-nho.
Não?
Continuas a não poder ouvir?
Continuas a sentir-te doente?
Na verdade,
continuam a ser palavras.
Mas,
vamos dizer
uma palavra diferente:
De-fi-ci-en-te.
Como?
Não ficas doente?
Pois é.
As palavras têm esse inconveniente,
Querem dizer a mesma coisa,
mas sentem-se
de maneira diferente.


AINDA DE SÁ FLORES

                                               GUERRA COLONIAL

Por que
me torturas ainda? Por que
me persegues na noite?
Por que
me invades o pensamento?
Mordeste-me a carne
paraste-me a vida
queres agora
paralisar-me o cérebro!
  Ah, guerra,
monstro faminto!
Vai-te.
Vai-te do meu pensamento.
Odeio-te.
Já basta a hora
em que fui teu alimento.

   Com um grande abraço, me despeço por hoje. SANTA.



11 junho 2015

POESIA...

Estou neste momento a ler (Os anos da Guerra) do Círculo de Leitores e encontrei uma poesia interessante:

CAMARADA INIMIGO

Esteve aqui um inimigo sem fome, muita.
Deixou - me este inimigo uma ração  de combate com formigas
E 2 pedaços de papel de jornal com excrementos
E 22 latas de cerveja vazias
E capim pisado.

Contou - me muita informação  preciosa este inimigo
Sei que há 3 meses fazia frio em Lisboa (Portugal)
Caetano está bom na legenda mas só tem meia cabeça na foto
E o seu sorriso acaba onde começa mais excremento
Caetano está bom mesmo e o Povo Português muito triste
Hoje há 3 meses pois Eusébio  não alinha por ter menisco
E Santo Francisco de Paula é senhorio em Lisboa dos pobres.

Sei ainda que este inimigo tem a doença da sede para esquecer
Tem pouca fome porque ainda não sabe aprender a esquecer
Tem diarreia, tem lombriga, tem solidão
E só sabe fumar metade do cigarro.

Este inimigo deixa muita informação e rasto
Não pode ser um inimigo tão assim tanto
É um camarada trabalhando no campo inimigo
É pelo menos um agente duplo.

        MUTIMATI BARNABÉ JOÃO
            (in Eu, o Povo, 1975)


Será que alguém conhece? Não é interessante?
         Um abraço. SANTA.

10 junho 2015

RECORDANDO 1968, no TERREIRO DO PAÇO


Estas são imagens de 1967, mas connosco, no ano seguinte, foi parecido, com certeza...

03 junho 2015

NOVAMENTE SÁ FLORES...

DE SÁ FLORES...

      SER DEFICIENTE

Ser deficiente
não é ser monstro.
É ser cidadão.
É suportar
um fardo que não pediu
nem comprou,
que a imprevidência do homem
lhe doou.

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SER CEGO...

Ver
não é ter o mundo
em suas mãos;
quele que é cego
pode tanto
como o que tem os olhos sãos.
    Que importa
ver uma árvore
uma flor?
O seu perfume é mais doce
que das suas pétalas a cor.
O amor
não vê,
a esperança
e a poesia
também não.
Elas são
as maiores virtudes
que existem no coração.


SANTA

AS MINHAS VIAGENS...









Estas fotos foram tiradas quando da minha visita ao Jardim Buddha Eden de João Berardo no Bombarral.

Mais um abraço para todos.

SANTA