"Clique" na imagem acima para saber os resultados em pormenor (até à sua freguesia ! ) (Falta a emigração)

30 março 2012

VIAGEM A MOÇAMBIQUE

Eventual repetição da "missão de saudade" efetuada em 2010 por A.L.Castro a Lione, Chala, Vila Cabral, António Enes, Ilha de Moçambique e outros locais

                                                      A caminho de Lione
Aquando do convívio/almoço anual da Companhia, nos últimos anos tenho sido abordado por alguns companheiros (Moreira, Chora, Magalhães e poucos mais, mas principalmente este último) no sentido de perspetivar e apresentar uma estimativa de preço para uma viagem, de novo, àqueles locais que, dizem eles, lhes daria enorme satisfação.
Estou, agora, em vésperas de novo almoço/convívio, a cumprir a promessa que lhes fiz pois, o contacto habitual que mantenho com amigos naquele país, permite-me o conhecimento necessário para meter mãos à obra.  Além de que esta "aventura", como é do conhecimento da maioria, já a realizei em Agosto de 2010.
               ..................................................................................................
               
Programa da viagem:
1º e 2º dias    -  Chegada e permanência em Maputo
3º e 4º dias    -  Chegada e permanência em Nampula
5º dia             -  Chegada a Nova Freixo
6º dia             -  Chegada a V.Cabral com passagem por Massangulo,
                            Catur, Caracol e Lione
7º dia             -  Regresso de V.Cabral com passagem por Chala e de
                            novo por Lione (aconselhável mesmo percurso).
                            Pernoitar em Nova Freixo ou Malema
8º dia             -  Chegada a Nampula
9º dia             -  Visita a António Enes e regresso a Nampula
10º dia           -  Visita à Ilha de Moçambique e regresso a Nampula
11º dia           -  Regresso a Maputo
12º dia           -  Regresso à "metrópole"  
       
ESTIMATIVA DE PREÇO (BASEADA EM INFORMAÇÕES FIDEDIGNAS)
    -  Visto de entrada                                                           80 €
    -  Viagem Lisboa-Maputo (ida e volta)                         1250
    -  Viagem Maputo-Nampula (ida e volta)                       450
    -  Alojamento                                                                 550
    -  Alimentação                                                               240
    -  Aluguer viatura: p/p/dia, incl. combust.                  340
                                                                                      ______
                                                           Total aprox.         2 910 € 
           ...............................................................................................

E agora é pensar muito bem no assunto, pois a vida não está própria para aventuras e, no próximo encontro, lá estaremos para continuarmos a discussão do assunto caso assim o entendam.
Abraço a todos, A.Castro

.

29 março 2012

Atenção Companhia..... firme..... sentido!

(Foto do álbum do Paulo Antunes)

Devido ao infeliz acidente sofrido pelo nosso Capitão que o ausentou da Companhia durante alguns meses, esteve indigitado para seu substituto durante a convalescença o militar da foto, por acaso também graduado em capitão e conhecido não só pelo esmerado aprumo mas também pelo gosto em operações permanentes.   Só eu tive conhecimento desta informação por ser o único com acesso aos meios confidenciais (era op.cripto, lembram-se?) e imediatamente a bloqueei para que não viesse a constar. Não me lembro do nome mas a boina não engana e diz-nos que era de Cavalaria 7. 

 Desculpem a brincadeira (certamente não lhe vão achar qualquer graça) mas achei uma enorme piada à verticalidade do símio e ao excelente corte do camuflado mas, principalmente, à qualidade dos sapatos! Na Companhia, além deste exemplar do Paulo Antunes, houve alguns casos idênticos, lembro-me dos macacos do Montes Velhos e do Serrote e de outros mais que se entretinham em amestrá-los devidamente e até com a ajuda de muita cerveja!  Estes "entretainers" eram o gozo da malta da maioria das companhia que andavam mato fora. 

22 março 2012

Hospitais Militares

Por:  F. Santa

A guerra afectou toda a sociedade.
O sofrimento começava logo no cais da Rocha. Era o sofrimento dos muitos que partiam e o sofrimento daqueles que ficavam. Eram os pais, esposas, noivas, namoradas ...
Chegados ao destino, os meios muitas vezes eram fracos. As frentes de guerra causavam muitos mortos e feridos. Dos mortos, aqueles que as suas famílias podiam pagar, vinham para a Metrópole, os outros eram enterrados  nos locais de combate e em cemitérios improvisados (ou não) onde ficaram esquecidos para sempre. Hoje existem centenas de camaradas nossos que ainda lá se encontram à espera que alguém (o Estado) tenha vergonha  e os vá buscar e entregar às suas famílias.





O seu browser pode não suportar a apresentação desta imagem.
Duas fotos, cedidas por camaradas,  demonstram bem onde foram enterrados companheiros nossos e em que estado se encontram as sepulturas. Completamente esquecidas e ao abandono. Que os nossos governantes tenham vergonha de abandonar aqueles que na altura deram a vida em defesa da Pátria. Na altura era assim, as províncias ultramarinas (diziam eles), também eram a nossa Pátria!

    Os feridos acumulavam-se nos hospitais militares, que muitas vezes não tinham condições para receber tantos. Sendo assim,  aumentava o número dos que iriam ficar deficientes para toda a vida. Na altura,  eram tratados por “inválidos”!
Eu estive internado algum tempo, no H. Militar de V. Cabral. Na altura estava cheio (1969). Lembro-me bem: um dia (já era noite), eu e outros tivemos de deixar as nossas camas e ir  dormir no chão, porque iam dar entrada cerca de vinte feridos graves (e também com eles vieram três mortos). Vinham da zona de Luatize e Muatize. Não me quero lembrar da confusão que foi, aquilo que vi foi para esquecer. Uns gritavam, outros choravam e pediam ajuda, não dá para descrever o que naquele momento se estava a passar. Enfim!
NORATLAS (Imagem da Net)
Passado pouco tempo, recebi a notícia que tinha que ser evacuado para Nampula. Saí do hospital para fazer uma curta viagem até ao aeroporto de V. Cabral e embarcar no “Barriga de Jindungue” que era o nome que a malta dava ao avião militar “Noratlas”. 
Interior do NORATLAS  (da Net)
Os que podiam, iam sentados nos bancos laterais (de lona), os feridos mais complicados, vinham no chão deitados em macas. Era qualquer coisa digna de um filme. Para apimentar mais a coisa, a meio do caminho aconteceu uma avaria no avião, o mecânico em ar de brincadeira espreitou por uma das janelas da cabine  e disse: Não tenham medo que este avião é o mais seguro do mundo! Realmente nada sucedeu. Fizemos uma aterragem um bocado esquisita, mas só!
Chegado ao Hospital de Nampula, levaram-me para o quarto onde fiquei sozinho durante algum tempo entregue a mim mesmo (aqui senti a solidão) chorando algumas vezes, pois nem correio recebia. Estive algum tempo sem me verem até que alguém se lembrou que eu estava ali. Praticamente, nos meses que lá estive pouco me fizeram ou nada. Por fim, chegou o dia em que me disseram que tinha que ser evacuado para o Hospital de L. Marques. Mais uma viagem no “ Barriga de Jindungue”. Chegado a L. Marques, (já muito perto da meia noite) fui muito bem recebido. Passado alguns dias, tive a oportunidade de visitar algumas enfermarias. Deparei-me com um cenário nada agradável: Camaradas cegos, sem braços, sem pernas, queimados, e outros. Era o espelho da guerra que eu estava a ter. EU, PARECENDO JÁ ESTAR A ADVINHAR, DIZIA PARA COMIGO MESMO: SE ELES SOBREVIVEREM O QUE VAI SER DELES?

Eu (Santa), no HMLM
Passado alguns meses, fui novamente evacuado, agora para Lisboa. Desta vez, não vim de avião mas sim de barco (no Paquete Angola). Chegado a Lisboa, fui depositado nos “Galinheiros” em Campolide, que era o anexo do Hospital Militar principal. Aqui, os quartos para onde fui, tinham de lotação, se não me engano, de quatro camas. O pior era a mistura que havia. Eu, que estava com problemas ortopédicos e na cabeça, estava com camaradas muito piores que eu, que além de darem maus dias, davam também más noites causando traumas psicológicos.
Claro, além destes hospitais, haviam os improvisados em pleno cenário de guerra onde os horrores eram impressionantes e os enfermeiros sem condições faziam autênticos milagres. Ninguém sabe o sofrimento que era ver um camarada mutilado ou a morrer. Só quem passou por isso. Muito mais havia a dizer, mas fico por aqui.
Não querendo entrar em mais pormenores, só quero dizer uma vez mais que os nossos governantes parecem não reconhecer, ainda hoje, quem se sacrificou na guerra (já de si injusta). Existem países que têm reconhecimento pelos seus combatentes. Em Portugal fomos e somos esquecidos. Na maior parte das escolas, quase tudo é ignorado. Até no dia 10 de Junho éramos ignorados, só passados 36 anos, fomos lembrados em Faro! Há que pensar muita coisa, pensar como os combatentes foram  e são tratados. O Estado continua a não ligar, o tempo já é curto, pois já estamos quase no fim das nossas vidas.
Como a juventude de hoje pode ver, por agora destas coisas vocês estão safos!

Como sempre, para todos, um abraço do Santa

16 março 2012

"Aerograma enviado por um militar à sua namorada"

                                            Por: Paulo Antunes
Revelação da vida de um soldado no mato                            
"Adorada"
Estou a escrever hoje para tu  ficares a saber o que significa o mato.  É simplesmente o drama o que eu passo,  mato, lama, sempre lama ou chuva ou pó e ainda tiros e sangue e mortos, é isto o mato. É isto a guerra e é preciso prosseguir, chegar até ao  fim, esgotar o cálice do fel e as tormentas.  É medo, o medo que nos assalta no negrume da mata tão cerrada que nada se divisa  a mais de 2 metros de distância.   Para quê dizer que o não temos se é mentira?   Eu tenho, sou um homem  e tenho medo, no entanto sigo até ao fim não porque me sinta herói mas porque sei que tenho de ir.   Afinal que ficava cá a fazer?
Vamos, há fome, é fácil de resolver o problema, tira-se uma bolacha de reserva da ração e come-se, mas não se consegue engolir! É natural, a garganta  aperta-se à medida que o tempo passa, e quando há dois dias apenas se comem bolachas é possível que elas não se apresentem como um manjar apetitoso.  Água, boa! Talvez no próximo charco se consiga encontrar alguma, suja, nojenta, mesmo assim refresca.  O cantil já está seco há muito. Paciência!
Ninguém fala, apenas se ouve o ritmo compassado das botas percorrendo o trilho sinuoso através da selva.   Andar sempre em frente, sempre em frente. Alguns perdem-se em sonhos de futuro, quando voltar à terra hei-de fazer isto e aquilo.  Ilusões! A maioria porém não pensa em nada, naquela situação também nem interessa, tudo pode perder qualquer significado.  Só importa continuar até ao fim.
Há uns que se apoiam nas espingardas como se fossem bordões, sempre ajuda um pouco.  Apetece deitar fora toda a tralha que se leva às costas e que constitui um peso infernal para as poucas forças que restam.
No mato quando cai a noite a manta faz sempre jeito e sabe bem o aconchego. Tantas vezes que a nossa cama, civil, nos é lembrada, mas o que nos espera é um pouco de capim!
Barbas crescidas, caras sujas, olhos encovados pelo cansaço.  Quando é que esta porcaria terminará?
A marcha prossegue, inexorável.  Talvez o trilho não seja este e nunca mais lá chegamos.  Não pode ser, é por ele de certeza, mas que certeza se pode ter neste inferno onde tudo é igual e se repete centenas e milhares de vezes!
Vamos, um cigarrito de vez em quando faz bem.   Mesmo os que não fumam acabam por pedi-lo ao companheiro mais próximo.   E é aproveitar enquanto é dia porque à noite acabam-se as fumadelas para não atrair a nossa presença.
Amanhece, a coluna segue, segue sempre em frente a caminho da desilusão, da morte ou da glória.   É isto a guerra, é isto o mato.... lama..... sempre lama.... ou chuva..... ou pó..... ou tiros ..... ou sangue.    É isto o mato, especialmente mortos ou feridos.  Nossos corações nestas circunstâncias são do tamanho de ovos de pombinha, mas é a pombinha da nossa esperança, da nossa fé, do nosso futuro, ou por vezes, da nossa eternidade.
Lama, sempre lama, ou chuva, ou pó, ou tiros, ou sangue e talvez mortos!..
Despeço-me com votos de felicidades.  Adeus,   Paulo Antunes.
Destacamento de Luatize-Moçambique - 1969
Paulo A. Antunes
1º Cabo TRMS nº 110648/67- CCav.2415
S.P.M. 4594
(NB - Este texto foi cedido pelo Paulo Antunes, o "sanfoneiro da caserna", tirado do seu "diário",   para ser divulgado no blog.    Deixou a  promessa de mais "memórias" para breve.      
Aqui lhe prestamos a nossa homenagem e  agradecimento.)
                                           

13 março 2012

E ESTA (s) ?!

Por: F. Santa  



O seu browser pode não suportar a apresentação desta imagem.
É mais uma. Ó amigo Soares, queira-nos elucidar sobre esta pose!!
Ficamos todos à espera da história que esta foto encerra!!



O seu browser pode não suportar a apresentação desta imagem.
PARA RECORDAR: Nampula. Estação de caminho-de-ferro de Lapala.



O seu browser pode não suportar a apresentação desta imagem.
E este é um famoso “ Machibombo “. Fotos de um camarada nosso.
Alguém se lembra?



O seu browser pode não suportar a apresentação desta imagem.


Lione. Campo de jogos. Se não me engano, foi num dia de descanso. Foi uma partida de voleibol. Em primeiro plano sou eu, do que está atrás de mim não me lembra o nome, e ao fundo o nosso Alferes Meira e o seu físico!!

SANTA

07 março 2012

MARIA MUTOLA !! Quem não se lembra?

Quem diria que ao fim de 43 anos esta beldade  nativa nos iria aparecer na frente, resplandecente em toda a sua exótica beleza.  Se duvidas houvesse bastaria olhar o modo como se vestiu para a foto, parecendo mais uma top model duma qualquer coleção Primavera/Verão de Paris.  Reparem bem a "capelline" não engana!
Acho que a Maria Mutola e colegas foram as "namoradas" de Lione tal como o foram muitas outras espalhadas na imensidão daquela provincia, segundo crónica do Magalhães inserida no blog já há algum tempo e intitulada "Namoradas"
neste caso, de António Enes e da Ilha de Moçambique.
Foi a "namorada" dos muitos militares que por Lione passaram. E a Briosa, acho eu, não fugiu à regra!  Acredito, até, que na imaginação e convicção de alguns foi mais do que isso, entrando nos variados e apeteciveis caminhos das emoções que substituiam as que tinham ficado a 10mil km de ausência.
Daí, e em nome de todos os seus admiradores, que devem ser imensos, humildemente lhe prestamos homenagem pelos serviços prestados, comprometendo-nos a jamais esquecê-la!
O caminho da guerra estava traçado. Hoje sabemos que era impossivel que não viesse a acontecer,foram demasiados homens, muito jovens procurando, acima de tudo, acelerar ao máximo o andamento dos 24 meses para o eventual regresso enquanto, nos intervalos da guerra, a conversa, tanto para as "Marias Mutolas" como para as outras cidadãs, era sempre a mesma:  "Mué... quer fazer máquina?"
Senão estou errado, julgo que a troco de 20 escudos correndo, ainda, o sério risco, se apanhados em flagrante, das queixas do chefe da aldeia ou até dos maridos ofendidos ao nosso Cap. A.Amado, obrigando-o à aplicação das habituais sanções aos prevaricadores dos bons costumes instalados e que constavam do pagamento de alguns escudos ou do mesmo valor traduzido em garrafões de "cabeça de giz" e, segundo me constou, também podia chegar a uma ou outra cabeça de gado.
Após isto, apetece-me dizer, sem rebates de consciência cínicos e balofos, que aquela guerra nos obrigou, em imensos casos bem visiveis, a dar continuidade à miscigenação.
Não há que sentir resquícios de culpas e, por isso, não devemos pedir desculpas nem perdões por termos mantido e desenvolvido aquelas trocas de favores que, ao longo duma década de guerra, todos fomos dando uma mãozinha.
Haverá, concerteza, os habituais críticos de tudo e de nada, pregadores da moral que, nestes casos, dizem: "São coisas nefastas da guerra".
Desta não devemos comungar.  Era a guerra, sim senhor, da qual não fomos ouvidos nem achados mas, analizada deste ângulo nos seus multiplos aspectos, era bem diferente, interessante e necessária quanto possivel, tanto para os que compravam como para as que vendiam.  Era a  "guerra do sexo" e, quando assim é, não há derrotados, quase sempre todos saem vencedores.
Digo eu!
PS - Foto gentilmente cedida pelo Paulo Antunes-1ºCabo Telefonista