(Apontamento tirado do caderno de memorias do Paulo Antunes)
Ao ver este pequeno apontamento tirado do caderno de memorias do Paulo Antunes, que até se poderá chamar "curiosidades da guerra", lembrei-me das historias de famosos prisioneiros como o "Papillon", romance do francês Henri Charriere e vivido pelo proprio, que a maioria de nós devorou página a página.
Estes desterrados é que se dedicavam a contar e a escrever os dias que iam passando, talvez imaginando que isso fizesse a terra girar mais depressa. Lembro-me de já ter visto em filmes do género os reclusos a gravarem nas paredes das celas, ao lado das fotos de mulheres fartas, os dias que iam passando e, no fim de cada semana, traçavam-na com um risco.
Há aqui, em meu entender, uma analogia, olhemos o "gráfico" em questão e só temos de aceitar que em vez de semanas o Paulo Antunes prefere os domingos.
E, assim, como um recluso desterrado para terras de África, castigado por um mal que nunca fez, teve a sorte de sofrer só uma pena de 10 séries de 10 domingos + 4 domingos avulso, o que totaliza: 104 domingos preso em Moçambique até lhe ser dado o direito de voltar para junto dos seus. Coisa que, infelizmente, não aconteceu a milhares de muitos de nós.
Sobre os 6 mata-bichos nada me disse. Talvez seja um mistério! Há que respeitar.