21 janeiro 2011

Luatize - com helicóptero ... e uma história com capitão!

A nossa estada em Luatize está muito bem retratada nesta reportagem do M. Magalhães. Estas excelentes imagens (de 1969) reavivam-nos a memória e não nos deixam indiferentes (falo por mim...)


Não tenho lembrança desta visita do "heli". Trata-se de uma evacuação de doente ou ferido. Se alguém se lembrar, agradecemos que acrescente aqui o seu comentário (é tão fácil!).
E, agora, a edificante

História de um Capitão exemplar 

   Se bem se lembram, por vicissitudes várias (nomeadamente o acidente do nosso Comandante em Vila Cabral e a hepatite do Alf. Meira, que o devia substituir), este vosso cronista teve de arcar com as "atribulações" do comando da Briosa durante vários meses. Era essa a situação no Luatize. Acontece que as "cabecinhas pensantes" (de Valadim? de V.Cabral?) devem ter chegado à conclusão que fazia falta um Chefe à altura. E lá apareceu um capitão do quadro, de cujo nome não me recordo. E, obviamente, assumiu funções, muito dignamente, como verão a seguir.
   Aconteceu que o meu pelotão foi escalado para uma operação (talvez aquela que me proporcionou, pouco depois, as "magníficas férias" no Cabo Delgado [Sagal], enquanto vós aguentáveis os sacrifícios de António Enes). Pois estava eu organizando a saída para o dia seguinte, dentro da tenda de lona onde dormiam os graduados, em "burros do mato" (espécie de padiolas em lona), e onde ratos "era mato", quando um dos  furriéis, devidamente bebido, me diz, de um canto: "Meu alferes, eu amanhã NÃO VOU! "  . E logo do outro canto, com uma autêntica voz de bagaço, entre dois beijos na garrafa, o  tal capitão, que tão dignamente nos comandava: " NÃO SEI DO QUE SE TRATA NEM QUERO SABER, MAS EU TAMBÉM NÃO VOU " !
    "Ditosa Pátria que tais filhos tem".


11 comentários:

  1. Começo pela gozada expressão "camoniana" que o Soares aqui lembrou. Aliás é uma das minhas preferidas!
    Eu acho que já naquela época éramos de tal maneira assim que obrigou o desgraçado do Camões a inventar a frase para a posteridade!
    Mas, pergunto eu: E o tal capitão foi ou não medalhado por bons serviços prestados á Pátria?
    Sobre o vídeo de Luatize está 5 estrelas, de excelente nitidez. Impossivel, defacto, ficar indiferente. Ainda tenho na memória a maioria daqueles sítios e das peripécias agradáveis e dramáticas em que participei. Foi em Luatize que tive o privilégio de, casualmente, encontrar um tio que não conhecia e que originou uma boa amizade posteriormente.
    Vê-se o ribeiro onde nos banhámos aquando da nossa chegada. Lembro-me como se fosse hoje, a vontade de cair na água para lavar o suor e a poeira de dois dias de picada era tanta, que depois de atirado, ao deus, dará o camuflado e as G3 para a berma, ninguém pensou mais no inimigo, muito menos em montar qualquer tipo de segurança. Aquilo foi do tipo "todos ao molho e fé em deus"! E, após o ataque dessa noite, todos ficamos a saber o perigo que corremos pois os "turras", à hora do nosso banho, já estavam no seu devido sítio, estratégicamente colocados à espera da hora do "lusco-fusco" para darem inicio àquele espectáculo do tipo "Apocalipse Now"!
    Ainda bem que eram uma tropa que cumpria as ordens recebidas escrupulosamente! Se fossem indisciplinados como nós eramos, quase garanto que nos pegavam à unha e nem tempo tinhamos para tapar as partes púdicas!

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  2. Passados tantos anos, continuamos a lembrar a terra, as históroias e os amigos que construímos em África. è sinal de ainda sabemos dar valor ao sacrificio, à amizade a ao patriotismo. Passarei a ser visita assídua deste blog.
    Um abraço
    Gabriel Costa
    CCAÇ 3441

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  3. Excelente recordação em vídeo. A primeira e talvez a única que se encontra na Net, do Luatize. Imagens que me são muito familares porque passei lá no destacamento nove meses pela C.Caç.3470 datas de 1972 a 1973.
    Felicito a publicação.
    Saudações
    Rogério Gonçalves
    Ex.Furriel Milº
    C.Caç.3470

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    1. Também lá andei !!
      Saudações
      Álvaro Simões
      Fur.Milº
      C.Caç 3470

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    2. Caro Simões um abraço. Faz hoje (4 de Fev) 42 anos que a nossa CCaç 3470
      nos trouxe de volta a Lisboa (Aeroporto)
      Desde então, muitos de nós não mais nos vimos. Vale estarmos vivos e espero que com saúde. Moro na Quinta do Anjo em Palmela e o meu email é o seguinte: rogoneto@gmail.com. Há sempre temas interessantes a falar e se na proximidade um copo também. Aguardo contacto.
      Saudações
      Rogério Gonçalves
      Ex.Furriel Milº
      C.Caç.3470

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    3. Caro Rogério, Boa tarde, eu Joaquim Fonseca, conheci perfeitamente Luatize, Nova Viseu, etc, pois estive no pelotão de Transportes, embora a minha Cª fosse a 3468, estive com o condutor dessa Cª o Duarte, gostaria de saber, caso fosse possivel que é feito do ex Furriel Doria, pois eu rebentei uma mina em Julho de 72 perto de Luatize, no mesmo dia em que o furtado ficou sem a perna mina A/P, e por esse motivo o Doria passou a ser o Comandante da coluna, o Enfermeiro era o Sá, não sei se pertencia à vª Cª. Abraço, e saudações Veteranas.

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  4. LUATIZE.AQUI PASSEI ALGUMAS VEZES DE TEN. VALADIM A V. CABRAL E VICE VERSA E CHEGUEI A TOMAR BANHO ALI NO RIO. PERTENCI A CCS DO BAT. 1889,ESTACIONADA COM A COMP.1552,DAS MAIS CASTIGADAS NESSAS PICADAS EM MORTOS E FERIDOS,NOS ANOS DE 1966 E 1967. EM LUATIZE TIVEMOS UM PELOTÃO DESTACADO DURANTE TODO O TEMPO QUE ESTIVÉMOS NO NIASSA. NORMALMENTE FAZIAMOS AQUI UMA PARAGEM POR SEGURANÇA E NORMALMENTE NUNCA SAÍMOS DAQUI SEM QUE PRIMEIRO FOSSEM MANDADAS UMAS MORTEIRADAS PARA A MATA DENSA QUE ESTÁ LOGO A SEGUIR PARA ESPANTAR OS TURRAS. QUANDO VINHAMOS EM SENTIDO CONTRÁRIO O PELOTÃO DO LUATIZE TINHA O MESMO CUIDADO,ANTES DE ATINGIRMOS A MATA. QUEM POR AQUI ANDOU DEVE TER-SE APERCEBIDO BEM.QUE, EM CERTAS ZONAS DA MATA,AS ARVORES ESTAVAM CRIVADAS DE BURACOS DAS BALAS. ERA UMA ZONA MUITO COMPLICADA. ESPERO QUE QUEM POR AQUI PASSOU A SEGUIR A MIM TENHA TIDO MAIS SORTE QUE O MEU BATALHÃO. NÓS TIVEMOS NESSAS PICADAS,ENTRE V.CABRAL,MUEMBE E N..VISEU,NADA MAIS E NADA MENOS QUE 25 MORTOS 252 FERIDOS E O 1º A INAUGURAR A FESTA FUI,COM O REBENTAMENTO DA 1ª MINA DO BATALHÃO,EM 06/06/1966. PRÓXIMO DE MUEMBE,FELIZMENTE,SÓ 2 FERIDOS GAVES,EU E O MEU PENDURA. OS MEUS CUMPRIMENTOS A TODOS AQUELES QUE PASSARAM POR ESSA MINHA ZONA BEM COMO NO CATUR,PARA ONDE FOMOS DEPOIS DESTACADOS EM 1967. SAUDE E FELICIDADES É O QUE DESEJO A TODA A JUVENTUDE DO MEU TEMPO,HOJE COM O B. I. INFLACIONADO NAS NOSSAS IDADES.

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  5. EM SEGUIMENTO AO MEU COMENTÁRIO ANTERIOR,VENHO INFORMAR QUE HOJE,DEPOIS DE TER VOLTADO A ESTE BLOG,É QUE APÓS TER LIDO UM COMENTÁRIO SOBRE O VIDEO,É QUE EU TIVE QUE VOLTAR AO MESMO,PARA VER SE ELE SE MOVIA. OU SEJA...NO DIA 04 EU FARTEI-ME DE CLICAR E O MESMO NÃO SE MOVIMENTAVA E DESISTI. HOJE DEPOIS DE LER QUE ALGUEM O TINHA VISTO,EU ENTENDI QUE SE O MESMO JÁ TINHA SIDO VISTO,ENTÃO PORQUE MOTIVO EU NÃO O CONSEGUIA VER...TEIMEI E CONSEGUI MOVÊLO. MAS...A MEU VER O VIDEO ESTÁ COM DEFEITO E DEMORA A ARRANCAR. GOSTEI IMENSO DE VER AQUELAS IMAGENS,POIS FOI UM LOCAL ONDE EU PASSEI ALGUMAS VEZES. GOSTEI DE REVER PARTE DA MALDITA MATA E O RIO ONDE CHEGUEI A TOMAR BANHO E COM ALGUM RECEIO DA SURPRESA DOS TURRAS. CONSTATO QUE O AQUARTELAMENTO ESTÁ BASTANTE DO DO MEU TEMPO. NAQUELE TEMPO EXISTIAM SÓMENTE UMAS PALHOTAS E O BANHO ERA TOMADO DEBAIXO DE UNS BIDONS DE GASOLEO,EU PRÓPRIO,NUMA DAS PASSAGENS TAMBÉM LÁ TOMEI UM. ERA O QUE OS POBRES DOS COMPANHEIROS TINHAM NA ÉPOCA. FORAM OS QUE PIOR CONDIÇÕES TIVERAM,MAS VIVIAM SATISFEITOS E ERAM UNIDOS. UM ABRAÇO A TODOS EX COMBATENTES. MANUEL COSTA

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  6. Luatize:
    Agosto de 1972 a Abril de 1973. As recordações guardo-as no sótão mais silenciado da vida, uma vez que a experiência forçada de uma juventude subtraída dos seus horizontes como se de um desterro ou castigo se tratasse pelo facto de nascer homem e português.
    Os episódios do “heli” naquele período eram regulares (quinzenalmente), trazia-nos entre outras necessidades alguns frescos, o correio e constituía o elo com a civilização que mais se ansiava. Daí ser uma boa recordação.
    Mas aquele destacamento à época com uma presença permanente de pelo menos 50 militares, grande parte do pessoal castigado e indisciplinado já bastante experiente na zona não era hábito existir muito receio dos ataques. Eu próprio banhava-me e pescava no rio e saindo até para a mata sozinho. Hoje reconheço os riscos corridos sem uma verdadeira consciência. Havia militares do recrutamento local que já contavam 10 ou mais anos em castigos e era frequente usarem sem autorização o lançamento de algumas morteiradas sabe-se lá com que motivos. Todas colunas vindas maioritariamente de “Nova Viseu” onde aquartelava a minha CCaç 3470 chegavam sempre com uma viatura Berliet destruída por alguma mina e alguns companheiros mortos, feridos e evacuados. O meu pelotão perdeu logo na 1ª coluna o alferes, e meu amigo Hernãni Borges cerca de um mês logo após termos chegado. A minha sentida homenagem. Pelos tempos que correm duvido que a história venha a consagrá-los como verdadeiros heróis da Pátria e de Portugal. A picada a caminho do Luatize foi a mais sangrenta batalha da minha companhia contra as minas traiçoeiras que retirou a vida a mais de uma dezena de companheiros, outros tantos feridos alguns para toda a vida.
    Seria expectável que o poder político pós 25 de Abril de 1974 e a instituição militar em particular, tudo fizessem para que a honra a dignidade e os sacrifícios ainda que impostos pelo anterior regime, a toda esta geração de jovens combatentes não fosse tratada como uma comunidade descartável e esquecida.
    Da minha parte o meu apreço o meu respeito e sinceros votos de felicidades a todos aqueles que tal como eu fomos chamados a uma contenda longa, horrível e traiçoeira para a qual em nada contribuímos para a sua existência.
    Para quem nos lê e em particular para quem de perto viveu e se solidarizou com o drama da juventude de então o meu cordial abraço.

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  7. Saudacoes do Comandante da 1a Companhia de Cacadores do Batalhao 16, a ultima companhia de Luatize

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    1. Sim, sou o Furriel (Vieira) e sim lá estava outro chamado Vieirinha. A história do Luatize tem altos e baixos que pôs à prova os nervos de toda a gente. O “Bando Armado” como era conhecida a n/Companhia do BC16 foi um bom exemplo de como os milicianos honraram a Pátria e o Alferes Miliciano COK o último a chegar à Companhia foi um dos destemidos que eu bem conheci. Depois de vir para o “Puto”, andei no Porto à procura da esposa do Fur Mesquita que morreu no rebentamento da mina, mas nunca a encontrei. De mim, digo que passei à Reserva como Sargento Mor e logo comecei a trabalhar na pesquisa de elementos militares relacionados com Abrantes desde a sua fundação até… tenho o blog: COISASD’ABRANTES onde vou debitando o que vou encontrando. Se quiseres entrar em contacto eis o meu e-mail: jose.vieira.abt@gmail.com

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