05 novembro 2010

"ESQUECIDOS" - 2

Antes de tudo quero dizer-te, Santa, que estou inteiramente de acordo e solidário com tudo o que referiste relativamente à forma indigna e desumana a que, ostensivamente, foram votados os "ESQUECIDOS", extraordinário programa passado na SIC em horário nobre, na Grande Reportagem, precisamente no dia 1º de Novembro, data apropriadissima para lembrar aqueles desprezados "ESQUECIDOS".
Bem haja a SIC pela acuidade e pela necessidade da denuncia.
Neste momento conturbado que o país atravessa originado pela enorme incompetência "patriótica" dos nossos politicos (até quando?) que o estão a colocar à beira do abismo, onde a todo o instante só ouvimos falar do défice da dívida pública de 400 mil milhões de euros, que obrigam este pacato cidadão, sem culpa formada a ter de pagar, quer queira quer não, 40 mil euros (sem os ter) aos carrascos que desde 1975 têm feito o especial favor de nos dar a comida na boca!
Isto, dito assim com tamanha frieza, até parece que estou a falar num país de ficção que não o meu. Mas, infelizmente é a verdade.
Voltando de novo ao documentário da SIC, e para mal dos nossos pecados, há que reconhecer que ninguém deve ter ficado indiferente às imagens chocantes e desumanas que nos foram dadas a ver. Foi uma sobremesa bem amarga servida ao jantar.
"Ditosa Pátria que tais filhos tem",  o poeta  bem se esforçou, deu o seu melhor, mal sabendo que os donos deste pequeno territorio o iriam apagar, ao longo dos tempos, das suas memórias,  para que as consciencias não se tornassem pesadas.
É em cima do "défice da dívida pública" que a população, em geral, se vai entretendo, alguns a enriquecer e muitos mais a empobrecer, agredindo à esquerda e à direita, afundando-se na auto-estima e, até, esquecendo-se que há ainda mais outros défices.
E, pior que o mediático "défice da divida pública" é o "DÉFICE DA DIVIDA MORAL" . Este sim é muito grave porque põe em causa os valores morais por onde um povo se deve guiar.
Os nossos politicos (ditadores) impuseram-nos uma aventura perigosa em três cantos de África, enquanto defendiamos os seus interesses financeiros. Em resultado  dessa imposição morreram simplesmente 10 000 jovens portugueses. Uns mais "sortudos"  regressaram ao seio das familias dentro dumas caixas de madeira "umbila" ou "limbali", que ainda deram bons lucros comerciais aos conhecidos lobbies dos "lateiros".  Outros, nem por isso, com toda a indiferença, desprezo e desrespeito (chamo-lhe má fé) foram enterrados num palmo de terra achado mais à mão e abandonados  sem  direito a  flores mas sim ao capim eterno.
Mais chocante e miserável foi saber, ainda, que tal desumanidade acontecia porque as familias destes desgraçados   não tinham dez mil escudos para pagar a trasladação dos corpos para as suas terras de origem.
AGORA QUE SEI TODA A VERDADE,COM TODA A PERPLEXIDADE, ASSUMO QUE TAMBÉM FUI UM POTENCIAL "ESQUECIDO".  ISSO NÃO SE PODE NEM DEVE PERDOAR A NINGUÉM.
Atitudes iguais só mesmo na idade média e durante o periodo da escravatura, onde os seres  humanos das classes mais baixas eram indignamente tratadas como animais.
É caso para chorar, realmente, só não o faço porque às vezes as lágrimas também secam,mas estou profundamente sentido e com medo do futuro pois não acredito mais em quem de direito. 
Mas ainda me resta a sensibilidade necessária para dizer que Portugal já não está mais "orgulhosamente só" e este caso, agora divulgado intra-muros, deveria ser denunciado através duma queixa ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem contra todos os mandantes politicos que iniciaram a guerra de África até aos actuais, em nome dos "ESQUECIDOS" e suas familias. O Povo português e o mundo restante agradeceriam.                                                                                           

1 comentário:

  1. Amigo Castro, com que então temos um País de défices!... Défice orçamental, défice governamental, défice moral, etc. etc.. Isto é como um sistema de vasos comunicantes, ou seja, aquilo que falta num lado está a sobrar no outro.(Alguém se lixa). Ainda era eu um puto quando vi um filme (top de bilheteira) que me sensibilizou muito e que já falei nele -O MUNDO CÃO-, mas sempre tive esperança que no futuro aquelas cenas não passariam de pura ficção. "ERROR", como diz a nossa informática. Hoje esta geração já se encontra "vacinada" contra estes conflitos sociais, sendo até compulsivamente obrigados a ignorar a realidade dos factos que faz a nossa história. Pelas verdades sentidas e transmitidas tens o meu apoio. Um abraço.

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